Dor Pélvica Crônica Feminina: Causas, Sintomas e Tratamentos

A dor pélvica crônica é uma condição debilitante caracterizada por dor persistente na região da pelve por mais de seis meses. Essa condição afeta tanto homens quanto mulheres, mas é mais comum em mulheres em idade reprodutiva. Estima-se que 20% das mulheres experimentarão essa dor em algum momento da vida.

Sintomas da Dor Pélvica Crônica

A dor pélvica crônica pode se manifestar de diferentes formas, incluindo:

  • Dor em regiões específicas: vagina, vulva, clitóris e/ou ânus;
  • Dispareunia: dor durante ou após a relação sexual;
  • Sintomas urinários: dor ao urinar, urgência, hesitação e frequência urinária aumentada;
  • Desconforto intestinal: constipação e dor abdominal;
  • Dor lombar e sacroilíaca: possível instabilidade na região;
  • Dor ao se exercitar ou permanecer sentado por longos períodos.

Dificuldade no Diagnóstico da Dor Pélvica Crônica

A dor pélvica crônica pode ter múltiplas origens, dificultando o diagnóstico preciso. As principais causas incluem:

  • Ginecológicas: endometriose, adenomiose e síndromes inflamatórias;
  • Urológicas: cistite intersticial (Síndrome da Bexiga Dolorosa);
  • Gastrointestinais: Síndrome do Intestino Irritável e disfunções digestivas;
  • Neurológicas: compressões nervosas e neuropatias;
  • Musculoesqueléticas: tensão muscular e disfunções posturais;
  • Psicológicas: estresse, ansiedade e depressão podem agravar a dor.

Endometriose: Uma das Principais Causas da Dor Pélvica Crônica

A endometriose é uma das causas ginecológicas mais frequentes da dor pélvica. Caracteriza-se pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero. Os sintomas incluem:

  • Cólica menstrual intensa;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Dor ao evacuar ou urinar;
  • Infertilidade.

A endometriose pode levar a um aumento da tensão muscular, especialmente na pelve, abdômen, lombar e adutores, criando um ciclo vicioso de dor-tensão-dor, dificultando a recuperação.

Outras Causas: Síndrome da Bexiga Dolorosa

A Síndrome da Bexiga Dolorosa, também conhecida como cistite intersticial, é uma causa urológica comum de dor pélvica. Estudos indicam que 87% dos pacientes com essa condição apresentam tensão nos músculos do assoalho pélvico, intensificando a dor e o desconforto.

Avaliação e Diagnóstico

Para um tratamento eficaz, é essencial identificar alterações musculoesqueléticas e posturais. O processo de diagnóstico pode incluir:

  • Avaliação muscular: identificação de pontos de tensão, contraturas e fraqueza muscular;
  • Análise postural: observação de desalinhamentos e limitações de movimento;
  • Investigação da sensibilidade: exames para avaliar padrões de dor e disfunção nervosa;
  • Questionários específicos: análise da dor, função sexual e qualidade de vida do paciente.

Os músculos mais frequentemente afetados incluem:

  • Assoalho pélvico;
  • Oblíquo interno;
  • Iliopsoas;
  • Piriforme;
  • Adutores.
Assoalho pélvico e sua musculatura. Kenhub 2025.

Tratamentos para Dor Pélvica Crônica

O tratamento da dor pélvica crônica deve ser individualizado, considerando as necessidades de cada paciente. Entre as abordagens mais eficazes estão:

1. Liberação Miofascial

A técnica de liberação miofascial trabalha na mobilização profunda do tecido conjuntivo para aliviar padrões de tensão crônica. Isso reduz desconfortos musculares, melhora a mobilidade e alivia dores persistentes.

2. Biofeedback Eletromiográfico

O biofeedback utiliza um equipamento que capta a atividade elétrica dos músculos do assoalho pélvico, transformando esses sinais em estímulos visuais e sonoros. Essa abordagem ajuda o paciente a identificar e relaxar a musculatura afetada.

3. Dilatador Vaginal

O uso de dilatadores vaginais auxilia na redução da contração involuntária durante a penetração, melhorando a elasticidade vaginal e reduzindo a dor associada ao ato sexual.

4. Terapias Físicas Complementares

  • Calor/Gelo: redução da inflamação e alívio da dor muscular.
  • Ultrassom/TENS: estimulação elétrica para analgesia e relaxamento muscular.
  • Exercícios de alongamento e fortalecimento: melhora da mobilidade e resistência muscular.
  • Uso de assentos ergonômicos: suporte adequado para evitar agravamento da dor.
  • Correção postural: alinhamento da postura para reduzir sobrecargas na pelve.
  • Exercícios aeróbicos: liberação de endorfinas para alívio da dor e melhora do bem-estar.

5. Atividades a Serem Evitadas

Até que a dor seja controlada, algumas atividades devem ser evitadas, pois podem agravar os sintomas:

  • Exercícios de contração do assoalho pélvico, como os exercícios de Kegel;
  • Pilates, yoga e treino do core (caso intensifiquem a dor);
  • Esportes de impacto direto na região pélvica, como ciclismo e hipismo.

A Importância da Abordagem Multidisciplinar

A dor pélvica crônica é complexa, exigindo um tratamento que envolva diferentes especialidades. A fisioterapia especializada é um dos pilares do tratamento, mas a integração com ginecologistas, urologistas, nutricionistas e psicólogos pode otimizar os resultados.

Quer saber mais sobre fisioterapia na dor pélvica e tensão do assoalho pélvico? Envie um e-mail para FT Gabriela: olbrichgabriela@gmail.com

Referências

  1. Engeler, D; et al. EAU Guidelines on Chronic Pelvic Pain. Eur Urol, 2014.
  2. Stratton, P; et al. Association of Chronic Pelvic Pain and Endometriosis With Myofascial Pain. Obstet Gynecol, 2015.
  3. Butrick CW. Pelvic Floor Hypertonic Disorders: Identification and Management. Obstet Gynecol Clin North Am, 2009.
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  5. Polackwich, IS et al. Pelvic Floor Muscle Spasm and Physical Therapy Response. J Urol, 2015.
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