Um relato sobre Neuralgia pós Herpes Zoster

Recentemente publiquei aqui no blog mundosemdor.com.br um vídeo sobre neuralgia pós  Herpes Zoster(HZ) e houve um grande engajamento na publicação com muitas perguntas e centenas de compartilhamentos. A razão do vídeo foi estar com um paciente sofrendo dor há anos devido ao HZ e relatar-me:

 

“Doutor, quero minha vida sem dor de volta… É muito sofrido viver assim!”

Diante dessa demanda, resolvi revisitar o tema para conversarmos sobre prevenção e tratamento.

 

Para contextualizar, o vírus do Herpes Zoster é exatamente o mesmo que causa catapora e somente afeta uma pessoa quando esta sofreu catapora no passado. O vírus fica adormecido em nosso corpo esperando um momento oportuno para manifestar-se novamente, mas agora com uma outra “roupa”: a do Herpes Zoster. 

 

Esse momento acontece quando nossa imunidade baixa, geralmente após os 50, 60, 70 anos, causada por algum tipo de stress, doença, má nutrição, diabéticos,  pessoas em uso de quimioterápicos, e outras. A dor pode desaparecer até 4 semanas após as bolhas da pele secarem, mas pode permanecer por 60 dias ou mais (até a vida toda!) o que caracteriza uma neurite crônica.

 

Não sabemos com antecedência quais serão as pessoas que terão Herpes Zoster mas esta acomete 30% da população geral; e parte desta evoluiu com a dor crônica sendo 20% daqueles acometidos na faixa dos 50 anos e aumento progressivo para 35% naqueles com 80 anos.

 

Para prevenirmos essa evolução, há alguns pontos importantes a serem discutidos. O uso de antivirais como o Aciclovir, iniciado nas primeiras 72 horas do surgimento das vesículas na pele melhora o desfecho e previne a instalação da dor crônica.

 

Mas quero escrever sobre os procedimentos intervencionistas de dor que também podem impedir a instalação da dor crônica e acelerar a recuperação. Com o HZ, ocorre uma ativação do sistema nervoso simpático e por consequência um menor aporte de sangue para região acometida pela doença. 

 

Para restaurar esse fluxo e contribuir para a melhora da dor, uma variada gama de bloqueios, realizados por médicos intervencionistas de dor, guiado por ultrassom ou raio X, ainda no início da doença, podem prevenir muitos dos casos que evoluem para forma crônica.

 

Assim sendo, o esclarecimento correto de pacientes e profissionais da saúde faz parte da prevenção da morbidade causada pelo HZ, onde não podemos aceitar que nada possa ser feito e que a dor desaparecerá sozinha.  Isso não condiz com a realidade e o quanto antes se procura ajuda de um especialista em dor, mais fácil  é a resolução do caso.

O segundo ponto é sobre vacinação. 

 

Como a vacina para catapora faz parte do calendário de vacinação nacional, cada dia estamos tendo menos contato com crianças com esta doença, o que reduz a reativação do nosso sistema imunológico ao vírus agressor. Eu não me recordo mais quando vi uma criança com catapora pela última vez… Meus filhos não tiveram catapora. 

 

Por isso, a recomendação de se tomar vacina para o HZ, quando temos 50 anos ou mais. Isso serve para rememorar nosso sistema imune que já tivemos contato com essa doença e assim reavivamos nossa defesa imunológica. Pessoas que tiveram HZ, devem aguardar 1 ano para receber a vacina, pois estão com sua imunidade reativada.

 

No mercado há dois tipos de vacinas. Abordarei minhas recomendações em um breve post no blog, a quem deseje mais informações.

Até breve!

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