OBJETIVO DOS TRATAMENTOS
O objetivo de qualquer tratamento de dor lombar crônica é conseguir reduzir a dor, permitindo ao paciente retomar suas atividades normais (ir trabalhar, arrumar a cama, andar com o cachorro, passar uma roupa etc.), assim como reconquistar sua qualidade de vida.
QUAL É O MELHOR TRATAMENTO
Melhor é o tratamento individual que envolve a análise de vários fatores; o tratamento adotado dependerá da causa precisa da dor lombar e o contexto de cada um. Ou seja, além daquilo indicado pelos sintomas, exame físico e exames de imagens, estado de saúde e nível de atividade também têm de ser levado em conta.
Outro aspecto muito importante a ser considerado durante a avaliação individual é a percepção do próprio paciente a respeito da sua situação.
Resultados de tratamentos tendem a ser menos positivos entre pessoas que encaram seus sintomas com catastrofismo, e que sentem que elas, ou os próprios tratamento não conseguirão controlar esses sintomas.
Por isso, para o tratamento ser mais eficaz, é importante o médico ouvir as preocupações e percepções do próprio paciente a respeito de sua desordem e levá-las em consideração na hora de escolher a/s modalidade/s terapêutica/s.
A idéia de “estou com dor e tenho que continuar deitado até melhorar” precisa ser modificada porque é essencial que o paciente se conscientize da importância de manter-se ativo; pois, para conseguir se reabilitar, é preciso fortalecer e alongar os músculos que sustentam a coluna.
De forma geral, baseio meu tratamento para dor lombar crônica (DLC) em três pilares: analgesia, reforço muscular e atividade aeróbica.
A seguir os degraus no tratamento da DLC.
DEGRAUS INICIAIS DE TRATAMENTO
Calor e Gelo – como indicado pelo médico ou fisioterapeuta, lembrando que o gelo serve para diminuir a inflamação.
Descanso – alguns dias apenas. Um longo período de repouso poderá levar ao enfraquecimento muscular e músculos fracos terão dificuldade para sustentar a coluna, podendo a dor se prolongar ou recorrer. Também é possível a atividade física concomitante com o repouso da seguinte forma: atividade física para os membros não envolvidos e repouso para aquele lesionado. Obviamente, sob orientação de um fisioterapeuta e/ou educador físico.
Farmacoterapia – analgésicos, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, coadjuvantes (antidepressivos, anticonvulsivantes). Converse com seu médico sobre os efeitos colaterais e acerca de que você pode tomar junto (medicamento, comida ou suplemento), inclusive a melhor hora de tomar as medicações. Pessoas com úlcera, patologias renais (dos rins) e hepáticas (do fígado) deverão ter ajustadas a medicação mais indicada.
Fisioterapia – condicionamento aeróbico, alongamento e fortalecimento. O fisioterapeuta deverá montar um plano de exercícios individual, progressivo e controlado. A fisioterapia trabalha os músculos que dão suporte à coluna lombar, inclusive os músculos extensores da coluna. Reforçar os músculos abdominais, inguinais e pélvicos é muito importante. Nesta modalidade, poderá também ser indicado o Pilates e a reeducação postural (RPG).
Atividade aeróbica de baixo impacto – após alguns dias de descanso e sem exageros. Caminhada, natação (se for doloroso caminhar), tai chi chuan ou yoga. Porém, sem querer dar 50 voltas na piscina de uma vez quando a coluna está dolorida. Saber…e respeitar seu limite é fundamental!
Acupuntura – promove analgesia local e relaxamento muscular. Auxilia na redução do estresse, depressão e ansiedade, frequentemente relacionados a DLC. O estímulo causado pela inserção das agulhas nos pontos de acupuntura, promove a liberação de diversas substâncias químicas, incluindo opioides endógenos e neurotransmissores, que atuam tanto no local das picadas quanto à distância, alcançando a medula e o cérebro. Por isso, é possível uma agulha inserida no pé ou no tornozelo aliviar a dor nas costas, além de relaxar e tranquilizar o paciente.
O tratamento é personalizado e é feito combinando-se pontos próximos e distantes do local da dor com o objetivo de tratar a pessoa que sofre com a dor, não apenas a doença. Na maioria das vezes são sugeridas mudanças na alimentação e em hábitos de vida.
Terapia cognitivo-comportamental (TCC) – uma abordagem psicoterápica estruturada, apoiada na ideia de que afetos e comportamentos são determinados a partir da maneira com que o indivíduo enxerga a realidade. A TCC visa ajudar o paciente a ter pensamentos mais funcionais em relação à sua condição e também promover a aquisição e fortalecimento de estratégias eficazes de enfrentamento da dor. É apontada pelas mais renomadas instituições científicas como a abordagem que possui maior nível de evidência quanto a sua eficácia no tratamento da dor.
Centro de Educação sobre Coluna – oferece re-educação postural, educação sobre métodos de prevenção da dor na coluna e modos de enfrentamento, além de programa de reabilitação com exercícios. Geralmente disponível apenas em centros urbanos maiores.
Musicoterapia – como recurso de distração, os estímulos musicais “competem” com os estímulos dolorosos, fazendo com que a atenção não fique tão intensamente ligada ao sofrimento causado pela dor. Músicas mais harmoniosas, de andamento lento, com instrumentos de som mais suave ajudam a diminuir a ansiedade e a promover um estado de maior relaxamento. Como recurso expressivo a música funciona assim: quando a pessoa canta uma música, toca um instrumento ou até compõe uma canção, entra em contato com sentimentos e pensamentos que nem sempre conseguem ser expressos pela linguagem verbal.
SUBINDO OS DEGRAUS – TÉCNICAS INTERVENCIONISTAS MINIMAMENTE INVASIVAS
E agora entra a especialidade de medicina intervencionista da dor. Se os métodos acima não funcionarem para aliviar a dor, ainda temos no nosso arsenal de combate à dor, os procedimentos intervencionistas. Entre eles os mais comuns são:
Injeção Peridural – anti-inflamatório é injetado diretamente na região lombar para promover a redução da inflamação. Proporciona alívio da dor por mais tempo, consequentemente, permite que o paciente volte a se movimentar e fazer exercícios, e levar uma vida normal. Esse é um bloqueio com objetivo terapêutico já que pode ser distribuído por diferentes locais geradores de dor na coluna. Não tem critérios de diagnóstico.
Radiofrequência (RF) Pulsada – através de uma agulha especial, aplica-se pulsos espaçados e fracos ao nervo acometido. Isto modifica a forma como o nervo conduz as informações nociceptivas (da dor) diminuindo as sensações de dor. Esse procedimento deve ser precedido por bloqueio diagnóstico com anestésico local para observar se há indicação precisa para a radiofrequência.
Radiofrequência Convencional – diferente da radiofrequência pulsada, aqui as temperaturas são reguladas para 80ºC. Assim ocorre uma destruição temporária deste nervo (6 mêses a 2 anos). Aplicada em nervos sensitivos, não podendo ser feita em nervos motores ou de função mista (sensitivo e motor; exceto no nervo trigêmio).
Entre as lombalgias crônicas que tratamos estão: Síndrome da Cirurgia Falida de Coluna e Hérnia de disco
Apesar dos procedimentos intervencionistas proporcionarem analgesia por mais tempo, não basta parar por aí e achar que o resultado está de bom tamanho. Para ter resultados otimizados a longo prazo, o paciente deverá iniciar um programa de reforço muscular e praticar atividades aeróbicas. Além destas indicações, o TCC é uma excelente ferramenta para o desenvolvimento de modos de enfrentamento da dor.
ÚLTIMO DEGRAU
Cirurgia – indicado quando o paciente já passou por todos os degraus de tratamento e permanece com dor. Por exemplo, estenoses que pressionam a medula espinhal promovendo dor e incapacidade para caminhar até curtas distâncias. Cirurgias minimamente invasivas tem evoluído e ganhado espaço no tratamento de hérnias discais também. O especialista em coluna poderá explicar os pontos positivos e negativos da intervenção proposta.
Até a próxima. Aproveito para agradecer os comentários e participação dos leitores e leitoras no blog!
Atualizado em 21 de junho de 2016