REFLEXÕES SOBRE A INTERDISCIPLINARIDADE NO TRATAMENTO DE DOR

Fiquei feliz com a reportagem do Globo Repórter de sexta-feira 25/11. É interessante, e positivo, notar que este ano tivemos várias reportagens em mídia nacional acerca do tema Dor Crônica, tanto na televisão quanto na mídia impressa.

Demonstra uma demanda aumentada de informações a respeito do tema, indicando uma conscientização por parte da população de que “dor crônica tem tratamento”. E os números não mentem – é um problema de saúde pública que no Brasil já afeta aproximadamente 60 milhões de pessoas!

Cada vez que tenho notícias da medicina da dor, me sinto gratificado em ver como o trabalho dos profissionais de dor vem trazendo alívio para pessoas das diversas camadas da sociedade. Temos cada vez mais iniciativas com o propósito de aliar ao controle da dor, o exercício físico, a boa nutrição, a boa saúde mental; tudo com objetivo de melhorar a qualidade de vida do indivíduo que sofre com dor.

Claramente este crescente corpo de informações ressalta a necessidade de tratar o conjunto: corpo, mente e alma. A logomarca do Singular com 3 Ss simboliza esses 3 elementos.  Levar em conta múltiplos elementos como estado físico, história médica, história de vida, genética, crenças, perspectiva, relações sociais de uma forma individualizada é fundamental.

É possível ter um método único ou especialidade para tratar um todo?

Pelo padrão de tratamento hoje, se você tem uma dor crônica, na maioria das vezes, vai ao médico, recebe um diagnóstico, sua receita, e recomendações para alimentar-se melhor, ou consultar um nutricionista; ou para praticar atividades físicas, com ou sem a ajuda de um fisioterapeuta; ou para diminuir seu nível de estresse fazendo mudanças no seu estilo de vida, ou uma terapia ou acupuntura, e…às vezes, recebe um encaminhamento.

Desta maneira, você recebe várias orientações. Fragmentadas.

Qual dos profissionais decide qual é o melhor tratamento para seu caso? O médico que você consultou primeiro? Algum dos especialistas? Eles chegam a discutir seu diagnóstico? Qual é seu papel nas tomadas de decisão?

Enfim, como se dará a interconexão entre os diferentes conhecimentos e perspectivas dos diversos profissionais e as terapias que oferecem? Onde colaboram para chegar a uma estratégia de tratamento eficaz para sua dor?

Uma abordagem interdisciplinar, como aquela utilizada na medicina da dor, permite a construção dessas pontes,integrando as recomendações do médico da dor e os demais especialistas, com o paciente exercendo um papel ativo na sua terapia.

Como isto acontece? Num cenário assim, há uma equipe constituída de especialistas de diversas áreas, qualificados em tratamento de dor.  O paciente consulta com alguns dos especialistas, ou todos, se o caso assim exigir. Depois disso, a equipe se reúne para discutir e planejar o tratamento do paciente em questão, levando em conta os aspectos biopsicossociais.

Muitos devem ter ouvido falar sobre equipe multidisciplinar, equipe com profissionais de múltiplas disciplinas. A equipe interdisciplinar também tem múltiplos profissionais. A diferença crucial esta na comunicação constante entre os profissionais envolvidos, não sendo o paciente o carregador dessas informações entre todos os profissionais envolvidos. Assim se constrói um plano de tratamento melhor.

Já que a sociedade se mobiliza na procura de mais informações sobre a dor e existe uma demanda maior para os tratamentos da dor, nada mais razoável que a democratização do acesso a tratamentos de dor, pelo governo e pelos planos de saúde. Vamos todos continuar trabalhando em prol disso.

Abraços e boa semana!

Atualizado em 12/10/2013

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