PROCEDIMENTOS INTERVENCIONISTAS: NA ESCADA DE TRATAMENTO DA DOR ONDE ENTRAM?

Alternativa com menos efeitos adversos do que opioides, procedimentos intervencionistas descem na escada de tratamento da dor

Em anos recentes, os EUA têm vivido uma crise de opioides sem tamanho – chegando o Presidente do país a declarar guerra contra o abuso. Neste cenário, os procedimentos intervencionistas têm ganhado destaque como alternativa não-opioide a ser usado em degraus mais baixos da escada analgésica, ou seja, não tem de esperar  esgotar todos os recursos de tratamentos para utilizá-los no controle da dor. Se o médico perceber um bom momento ou uma boa indicação, poderá entrar com o procedimento intervencionista.

Antes da crise estourar, já estava em debate a modificação da escada analgésica da Organização Mundial da Saúde (OMS) para tratar dor do câncer . Basicamente a escala da OMS mostra os tipos de dor e orienta sobre os degraus de tratamentos recomendados para aliviar a dor dos indivíduos. Esta “escada de dor” é aplicada por médicos ao redor do mundo no tratamento da dor do câncer (também conhecida como dor oncológica, ou dor neoplástica) e da dor crônica.

Dor do câncer – a dor oriunda do câncer e os tratamentos

Veja uma escada analgésica modificada, com o uso dos procedimentos intervencionistas sugeridos nos 2º e 3º degraus, onde antes eram sugeridos opioides (fracos e fortes), analgésicos e AINEs.

ilustração da escada analgésica (alívio da dor) modificada

Por que é importante tratar a dor?

50% pacientes com câncer sentem dor;

90% dos pacientes sofrem com dor no estágios avançados

Dor crônica e aguda está presente em pelo menos 80% dos pacientes com câncer. No câncer, seja na fase ativa, quando ainda se busca a cura ou na fase final, nos cuidados paliativos, a dor é o sintoma mais desagradável.Segundo Burton e Bejarano, a avaliação e tratamento da dor facilita o tratamento e tenta preservar a qualidade de vida da pessoa. Nos cuidados paliativos, é uma prioridade no suporte de conforto.

Os procedimentos intervencionistas poderão ser uma alternativa prática no controle da dor em países onde a saúde pública não tem condições de prover opioides para o tratamento da dor do câncer ou tem receio da administração de opioides causar mortes, adicções e abusos.

Deixo aqui duas perguntas: se seu paciente pode ser tratado com terapia de menos efeito adverso e minimamente invasiva, por que esperar até o último momento para aliviar a dor e sofrimento? Não seria melhor ter o mínimo de qualidade de vida por mais tempo?

Grande abraço!

 

Referências

Burton AW, Hamid B. Current Challenges in Cancer Pain Management: does the WHO ladder approach still have relevance? Editorial. https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1586/14737140.7.11.1501. Acesso em 17/04/2018

https://revistas.ucm.es/index.php/PSIC/article/viewFile/PSIC0404120057A/16168. Acesso em 14/04/2018.

Leitura Complementar

Journal of Global Oncology. August 2016. Vol 2. Issue 4

 

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