A ultrassonografia (US) já é largamente aceita para guiar procedimentos em medicina interna (especialmente em UTIs). A visualização também pode ser feita por tomografia computadorizada (TC) e intensificador de imagens. Hoje a US tem boa aceitação na anestesia regional, medicina esportiva, medicina regenerativa e medicina intervencionista da dor.
Uma das vantagens do uso da US para guiar os procedimentos é a possibilidade de ela ser utilizada à beira do leito, o que evita a exposição à radiação que ocorre na radioscopia ou TC.
Além disso, a boa resolução das imagens de US dos músculos, nervos, vasos, tecidos conectivos e vísceras, facilita a visualização da área sendo tratada, inclusive o movimento da agulha em tempo real.
Em procedimentos como PRP (injeção de plasma rico em plaquetas) no joelho, que necessitam da maior precisão possível na injeção do biomaterial (para evitar complicações e perda), o médico intervencionista, com o auxílio da US, consegue visualizar o local, planejar onde vai inserir a agulha, marcar o ponto, puncionar e avançar a agulha até o alvo com grande acurácia.
Isto difere das técnicas tradicionais guiadas por fluoroscopia. Nelas, o médico intervencionista da dor se baseia na identificação de referências anatômicas e a difusão do contraste para mostrar a ponta da agulha introdutória. Depois ele administra um anestésico ou medicação e o escaneamento é intermitente, não em tempo real como no ultrassom.
Tais práticas expõem pacientes e funcionários à radiação, e há necessidade de uma sala própria já que o intensificador de imagens não é deslocável como um ultrassom portátil.
No entanto, é importante afirmar que nos dias atuais o intensificador de imagens continua sendo o modelo padrão (gold standard) para realizar procedimentos intervencionistas.
De acordo com Dr. Charles Amaral de Oliveira do Singular – Centro de Controle da Dor, “A cada dia estou mais empolgado. Acredito que cada consultório médico em um futuro não muito distante, deverá ter um para melhorar a propedêutica. E para realizar bloqueios guiados…perfeito!”
US no manejo da dor
Dr. Charles explica que, devido à sua eficácia, facilidade de uso e precisão, o US já faz parte da rotina dos médicos intervencionistas de dor e lista como vantagens: não é invasivo; não possui efeitos nocivos significativos; não utiliza radiação ionizante; produz imagens mais detalhadas dos tecidos moles e as estruturas musculoesqueléticas em tempo real.
Bloqueios guiados por US mais precisos
Além disso, a taxa de sucesso é de 99% nos bloqueios diagnósticos e terapêuticos guiados por US.
O exame facilita a localização e examinação detalhada dos nervos menores e das estruturas em torno do alvo; permite a visualização direta da difusão do material injetado (anestésico local, anti-inflamatório, biomaterial, etc.), assim como evita lesão de estruturas importantes como vasos sanguíneos.
Isto aumenta a acurácia dos bloqueios seletivos e consequentemente, reduz as dosagens de anestésicos, pois evita perdas. O resultado: menos complicações e efeitos pós-procedimento.
Naturalmente, há situações em que a US tem limitações, como sombra acústica gerada pelos ossos, resolução de imagem reduzida em profundidade, e visibilidade menor da agulha com ângulo maior de inserção.
Treinamento em US no Brasil
Como ocorre com toda ferramenta, o profissional precisa ser treinado para usá-la. Aprender a manusear o transdutor e conhecer bem a anatomia das estruturas músculo-esqueléticas são alguns conhecimentos básicos.
Sempre sintonizado com as demandas educacionais globais, o Singular Cursos ofereceu em 2011, o I Curso Básico de Ultrassom no Diagnóstico e Tratamento da Dor, com professor americano e co-autor do atlas de procedimentos, Dr. Mike Gofeld, professor e diretor do centro de dor da Universidade de Washington, e presidente do AAPMU (sigla em inglês para a Associação Americana de Ultrassom no Manejo de Dor) e hoje no comitê do exame CIPS do WIP (World Institute of Pain). No curso II, os convidados internacionais foram Dra. Andrea Trescot do World Institute of Pain e Dr. Sang Lee da Universidade de Seul e no curso III, Dr. Michael Brown da Universidade de Seattle.
Hoje o Cursos Singular mantém um curso anual para o treinamento de ultrassonografistas intervencionistas.
Bloqueios para dor de cabeça
Lesão em chicote, guiados por US
Texto e imagens: Camille Khan
Referência:
¹Use of Ultrasound in Chronic Pain. Simpson, G. Nicholls,B. http://ceaccp.oxfordjournals.org/content/13/5/145.short?rss=1]. Acessado em 24/03/2014 às 14.32.