O USO E ABUSO DE OPIÓIDES

Na última semana, o presidente Donald Trump declarou que os Estados Unidos vivem uma epidemia de uso de opióides e os principais veículos de comunicação do país estamparam em sua primeira página o tamanho do problema, entre eles revistas como a New Yorker e a Newsweek.

Os Estados Unidos possuem 5% da população mundial mas consomem 1/3 de todo opióide produzido no mundo.

Para termos uma referência entre o tamanho do problema que eles vivem e a distância a que estamos, o consumo per capita nos Estados Unidos é de 700 mg de morfina/ano e do brasileiro 11 mg morfina/ ano.

Todas as reportagens apontam na mesma direção quando esta crise iniciou. Em 1996, a medicação oxicodona (Oxycontin) foi lançada no mercado pela Purdue Pharma com atrativos de controlar a dor com duas doses ao dia, não ter potencial de vício e ter muita segurança.

Sua forma de ação promoveria um nível sustentado no corpo durante 12 horas. Após um trabalho de marketing intenso, e o patrocínio de muitas convenções médicas, ele se tornou um sucesso de vendas. Desde seu lançamento já reverteu 35 bilhões de dólares!

Encontrando-a com relativa facilidade no mercado, pessoas desejando o uso “recreacional” da droga passaram a quebrar o comprimido, macerá-lo e usá-lo nas formas inalatória e/ou injetável ou como fumo.

Assim, 70% de sua concentração estaria disponível imediatamente, causando tais efeitos “recreacionais”.

Hoje, todos os dias 160 americanos dão entrada nas salas de emergência médica por abuso de opióides. De cada quatro usuários de heroina naquele país, três iniciaram esta dependência com o uso de opióides.

No Brasil, o uso de opioides fortes demanda receitas amarelas, o que é uma burocracia que ajuda a controlar o mau uso dessas prescrições.

Nos Estados Unidos a maior parte das prescrições são de medicina primária e não provenientes de anestesiologistas, que estudam a fundo estas medicações.

Interessante que o Oxycontin, mesmo sendo um opióide forte, conseguiu no Brasil ser vendido em receita branca carbonada. E o mesmo esta acontecendo com o Restiva (buprenorfina).

A coincidência? Ambos são do mesmo laboratório…

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