[vc_row][vc_column][vc_column_text]Saudações caros leitores e leitoras!
Você sabe o que é uma “doença oportunista”? Aquela que aproveita da baixa imunidade para atacar? A doença em foco hoje é a Herpes Zoster – causada pela reativação do vírus da catapora. Veremos quem corre mais risco e como pode ser tratada. O tratamento da doença na fase aguda é essencial para reduzir a probabilidade de desenvolver a neuralgia pós-herpética, doença crônica que acomete 20% dos pacientes que tiveram herpes zoster.
Herpes Zoster
Doença infecciosa de origem viral, também conhecido como “cobreiro” ou “zona”. Seu nome técnico é Herpes zoster. Caracteriza-se por erupções dolorosas na pele e dor neuropática (nos nervos).
Fatores de risco
#1 Ter mais de 50 anos
#2 Ter tido catapora (varicela)
#3 Estar imunodeprimido (com imunidade baixa)
#4 Ter passado por estresse ou trauma (a imunidade abaixa!)
Causa:
A reativação do vírus Varicella zoster, responsável pela catapora.
Vamos conhecer um pouco do que acontece. Depois de um quadro de catapora, o vírus permanece nos gânglios sensoriais da raiz dorsal espinhais e dos nervos cranianos (incubação). Chega nestes locais vindo das lesões da pele na fase aguda.
Mas, a imunidade específica contra o vírus reduz gradativamente com a idade, também com o uso de e imunossupressores ou com doenças que afetam a imunidade, e neste casos o vírus pode superar as defesas do corpo e ressurgir. Quando isto acontece, o vírus faz o caminho inverso — volta para a pele através dos nervos sensoriais e, ocasionalmente, pelo nervo trigêmeo para a região da face, causando dor, erupções cutâneas dolorosas e eritema. Veja na ilustração abaixo.
Sinais e sintomas
Antes das erupções de pele, os pacientes falam em mal-estar, dor de cabeça, febre (sintomas de doenças virais), dores neurálgicas (nos nervos), perda de sensibilidade, ardência e coceira locais.
A lesão típica é uma vesícula (bolha pequena) sobre uma base avermelhada na pele; em geral as bolhas ficam aglomeradas — localizadas e distribuídas somente de um lado do corpo. (Veja a foto desse sintoma. Imagem forte. Clique aqui para visualizar.)
As vesículas surgem de modo gradual, levando 2 a 4 dias para se estabelecerem. Quando não ocorre infecção secundária por bactérias, as bolhas “secam”, formando crostas, e o quadro evolui para a cura dentro de 2 a 4 semanas.
As regiões mais comprometidas são a região torácica (da cintura ao pescoço), cervical (pescoço), trigêmeo (face), e lombossacra (cintura para baixo). Em pacientes com imunidade alterada podem surgir em localização atípica e espalhar.
A erupção é unilateral (de um lado)–raramente ultrapassando a linha média, e ocorre no dermátomo por onde o nervo passa. Na ilustração abaixo: se acomete o C1, por exemplo, a erupção e dor ocorrem no dermátomo em cor lilás.
A dor da HZ desenvolve primariamente devido à inflamação dos nervos sensoriais — são intensas, súbitas e agudas. Muitos os descrevem como dor do tipo queimação, dor latejante, dor cortante, dor penetrante ou dor em choque.
Um leve toque no local, até o roçar da roupa que a pessoa veste pode provocar um desconforto acentuado –o fenômeno de alodínea. A dor pode ser muito intensa e debilitante, podendo persistir durante anos, comprometendo a qualidade de vida do indivíduo.
O sono também pode ficar afetado já que as lesões e a dor não deixam a pessoa ter um sono restaurador. A fadiga crônica se instala.
Incidência
HZ é mais comum entre pessoas com mais de 50 anos e a incidência aumenta com o avanço da idade. O risco dobra a cada década. Não é comum em pessoas com menos de 15 anos.
A incidência de herpes zoster (HZ) é até 15 vezes maior em pacientes com AIDS do que em pessoas não-infectadas, e até 25% dos pacientes com linfoma de Hodgkins desenvolvem a doença.
Complicações
1 em 5 pacientes que tiveram dor de HZ desenvolvem a neuralgia pós-herpética, mesmo depois de curadas as lesões de pele. A sequela pode durar a vida inteira e tem um impacto significativo sobre a qualidade de vida devido ao comprometimento do desempenho físico, emocional e social do paciente. Ocorre mais em pessoas com mais de 60 anos ou em imunocomprometidos.²,³
Prevenção
#Tratamento da HZ na fase aguda com um conjunto de ações sinérgicas, logo que for descoberta, reduz a dor intensa causada pela condição e evita maiores complicações. Também diminui o risco de desenvolvimento da neuralgia pós-herpética.
[Perda de visão – Se as erupções estão perto dos olhos, consulte seu médico imediatamente.]
#Vacinação adulta (acima de 50 anos) é outra medida preventiva. É contraindicada para mulheres grávidas, em pacientes com grave imunossupressão e nos pacientes com tumores de medula óssea ou linfático que estivessem recebendo mais de 20mg de prednisona/dia.
Portadores de HIV – Diferentes doenças ocorrem em diferentes estágios da AIDS, por isso, diante da dificuldade de pacientes imunodeprimidos se recuperarem de uma doença oportunista, estas têm o potencial de ser letal. A prevenção e tratamento são essenciais, com ou sem o uso do medicamento anti-retroviral.
Tratamento
Educação ao paciente. Todo paciente deve ser informado sobre o risco de transmissão do vírus Varicella zoster para pessoas que nunca tiveram a catapora. A região das lesões deve ser mantido limpa e seca para reduzir o risco de infecção secundária por bactérias.
O tratamento é multimodal e a escolha de modalidade/s de tratamento dependerá da severidade da dor do paciente, comorbidades e reação a medicamentos específicos.
Em geral combinações de fármacos com diferentes mecanismos de ação estão associados aos melhores resultados.
Para tratar a dor, utiliza-se fármacos, procedimentos intervencionistas e terapias adjuvantes não farmacológicas. (5)
Dor aguda de HZ
Estudos científicos demonstraram que os seguintes tratamentos farmacológicos demonstram eficácia na redução da dor aguda de HZ:
- Drogas anti-convulsivantes como gabapentina; anti-depressivos tricíclicos como amitriptilina; anti-inflamatórios como metilprednisolona
- Analgésicos tópicos como capsaicina 8% (creme) e lidocaína (adesivo)
- Analgésicos como tramadol; opióides orais- 2a e 3a linhas de tratamento;
- Antivirais
- Corticóides
Quando não há melhora, os tratamentos intervencionistas são implementados como 3a linha de tratamento.
Alerta: os medicamentos citados aqui deverão ser utilizados somente com prescrição médica, de preferência, por um médico especialista em dor em um centro que pratica a medicina baseada em evidências.
Tratamentos da medicina intervencionista
- As injeções epidurais e infusões intratecais, bem como a neuromodulação, são as opções de tratamentos minimamente invasivos. Mais recentemente, a toxina botulínica. (5)
- Ainda há evidência limitada que os bloqueios simpáticos e regionais, realizados nos estágios iniciais da doença, ajudem a prevenir a progressão para a dor pós-herpética; precisa de estudos maiores.
A eficácia dos bloqueios se deve ao encurtamento da duração da dor, à diminuição dos danos isquêmicos e à restrição da inflamação cutânea neurogênica.
Quer saber mais sobre os tratamentos da dor do Herpes Zoster? Clique e confira o excelente artigo do blog: Dor no Herpes Zoster.
Preparamos um vídeo com conteúdo sobre o tema para tirar todas as dúvidas, confira:
Abraços e até a próxima!
[nt_accordions] [nt_accordion title=”Leitura Complementar”]Dor Pós-herpética – uma Revisão. Oliveira C., Castro A., Miyahira, S. [/nt_accordion] [nt_accordion title=”Referências Bibliográficas”]
1. Donahue, JG, Choo, PW, Manson, JE, Platt, R. The incidence of herpes zoster. Arch Intern Med. 1995;155:1605–9.
2. Alliegro, MB, Dorrucci, M, Pezzotti, P, Rezza, G, Sinicco, A, Barbanera, M, et al. Herpes zoster and progression to AIDS in a cohort of individuals who seroconverted to human immunodeficiency virus. Italian HIV Seroconversion Study. Clin Infect Dis. 1996;23:990–5.
3. Smith JB, Fenske NA. Herpes zoster and internal malignancy. South Med J. 1995;88:1089–92
4. [Best Evidence] Dworkin RH, Barbano RL, Tyring SK, Betts RF, McDermott MP, Pennella-Vaughan J, et al. A randomized, placebo-controlled trial of oxycodone and of gabapentin for acute pain in herpes zoster.Pain. Apr 2009;142(3):209-17.
5. Raj, PP. Epidural infusion and patient-controlled epidural analgesia. In: Pain Medicine: A Comprehensive Review. St. Louis, Mo: Mosby Yearbook Inc. 1996:272-278
6. Acessado web: http://www.abcdasaude.com.br[/nt_accordion] [/nt_accordions]
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