Meralgia Parestésica

Meralgia parestésica (MP) é uma mononeuropatia – uma condição clínica que resulta da compressão do nervo cutâneo femoral lateral (NCFL), especialmente na região inguinal (virilha). Este nervo é responsável pela sensibilidade da porção anterolateral (frente e lado) da coxa. Suas principais manifestações são sensações cutâneas (da pele) como dormência, formigamento, queimação, frio e dor nesta região da coxa. Além disso, há redução da sensibilidade e hipersensibilidade ao toque na região afetada.

Meralgia parestesica lateral femoral
Fonte: www.mayoclinic.com/health/medical/IM02494

A palavra “meralgia” vem de duas palavras gregas, “meros” que significa parte e “algos” que significa dor. Parestesia significa um distúrbio de sensações (formigamento, picada, queimação, anestesia); também vindo do grego “para” que significa funcionamento desordenado ou anormal e “esthesia” que significa sensibilidade.

É uma doença relativamente comum, provocada por fatores que predisponham à compressão do nervo ao nível do ligamento inguinal, que ocorre em indivíduos obesos, em mulheres grávidas, no uso de roupas apertadas na cintura. Os atletas também são sujeitos ao desenvolvimento da meralgia parestésica devido aos movimentos repetitivos de flexão e extensão do quadril.

A maioria das pessoas experimenta algum tipo de parestesia temporária durante a vida quando fica de pernas cruzadas ou fica sentado por tempo prolongado, por exemplo. A pressão constante sobre um nervo cutâneo causa a parestesia e logo que ela for aliviada, a parestesia vai embora.

Mas, pode ocorrer a parestesia crônica, que é frequentemente um sinal do pinçamento de um nervo, ou de doença neurológica, ou de dano traumático a um nervo. Quando a MP não é diagnosticada e tratada, pode limitar o indivíduo durante anos.

Incidência

4.3/10,000 pessoas por ano e em maior número entre pessoas que sofrem de síndrome do túnel carpal (sugerindo uma predisposição a pinçamento do nervo) e durante a gravidez.

Causas

A parestesia pode ocorrer devido a vários fatores, entre eles:

Meralgia Parestesica

FATORES MECÂNICOS
Roupa apertada, cintos, obesidade e gravidez

DESORDENS QUE AFETAM O SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Derrame e ataque isquêmico transiente (mini-derrames), esclerose múltipla, mielite transversa e encefalite. Um tumor ou lesão vascular pressionando contra o cérebro ou cordão espinhal também pode causar parestesia.

SÍNDROMES EM QUE HÁ PINÇAMENTO DO NERVO
Síndrome do túnel carpal, em que nervos periféricos podem ficar danificados e causar parestesia acompanhada de dor.

TRAUMA
Pós-cirúrgico do quadril, da região abdominal e inguinal; relacionado a plexopatia devido a hemorragia; lesões musculares ou traumatismos repetitivos.

Sintomas

Dormência (anestesia), formigamento, picadas ou coceira de forma intermitente. Também é comum queimação, ou frio, na superfície anterolateral da coxa (frente e lado), desde o quadril até o joelho, resultante da compressão do nervo cutâneo femoral lateral; dor recorrente frequente, às vezes sentida como uma dor muscular profunda. Pode haver perda de pelos no local e posição pode agravar os sintomas.

Os sintomas podem piorar quando se estende o quadril e pacientes podem sentir dificuldades para ficar ereto em pé e para dormir. Em algumas pessoas, ficar sentado pode agravar o quadro, enquanto em outras não tem o mesmo efeito.

É comum a queixa de dor secundária no quadril, joelho e panturrilha, uma vez que a pessoa faz uma compensação durante as atividades na tentativa de minimizar os sintomas.

Frequentemente pacientes são tratados por patologias do quadril, da coluna ou da virilha antes de ser diagnosticada corretamente. Pacientes podem até achar difícil descrever seus sintomas e começar a achar que estão sofrendo de algum problema psiquiátrico.¹

Em geral os sintomas são intermitentes, mas recorrem com frequência.

Diagnóstico

Seu médico fará um levantamento do seu histórico médico e lhe examinará, pedindo que descreva sua dor e que assinale a localização exata da região dolorosa na sua perna. Poderá também recomendar exames de imagens como radiografia (raio-X), do quadril e região pélvica, eletromiografia (EMG) e eletromioneurografia para excluir a possibilidade de outras patologias caso o diagnóstico não seja claro.

Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1421141/
Fonte: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1421141/

Tratamento

O primeiro passo é a remoção da causa da compressão. Na maioria dos casos o manejo é feito por tratamento conservador, que proporciona alívio dos sintomas e consiste de:

– fisioterapia
– acupuntura
– redução de peso para diminuir circunferência abdominal
– uso de roupas folgadas
– fármacos: analgésicos, anti-inflamatórios não-hormonais, pregabalina (Lyrica).

Na gravidez, o tratamento deve ser conservador, pois a sintomatologia tende a desaparecer após o parto.

Quando a condição se torna crônica e não responde ao tratamento conservador, o próximo degrau de tratamento é com fármacos mais fortes com efeitos de redução de peso:

– antidepressivos tricíclicos
– anticonvulsivantes

E, quando estes não resolvem, o tratamento intervencionista minimamente invasivo é indicado.

– Agulhamento seco dos trigger points (pontos-gatilho)que podem estar causando compressão no nervo
– Bloqueio diagnóstico utilizando anestésicos locais fornecem alívio temporário.
– Radiofrequência pulsada no nervo cutâneo lateral da coxa.
– Bloqueio anestésico com corticosteróides (antiinflamatórios) – o plano de tratamento prevê bloqueios repetidos em dias alternados.

E se tudo falhar, no último degrau de tratamento, ainda há cirurgia de:

– Descompressão local do nervo com neurólise

Lembrem-se que toda patologia diagnosticada e tratado no início tem maior chance de ser controlado.

Um grande abraço, tenham todos uma ótima semana!!

Referência

¹http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1421141/. Acessado em 24 de maio de 2013.

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