Medicina regenerativa: injeções de PRP

No clima de Olimpíadas de inverno, com equipes do mundo todo concentrados em Sochi, Rafael Nadal no Rio Open, atletas, superação de dor causada por lesões, me veio à mente o PRP, terapia avançada oriunda da área da medicina regenerativa e muito utilizada por atletas de ponta.

Injeções intraarticulares de PRP (Plasma Rico em Plaquetas) constituem um tratamento intervencionista eficaz e de poucas complicações sendo uma alternativa ao tratamento cirúrgico. É seguro e sem risco de rejeição pois o material utilizado é  biológico proveniente do sangue da própria pessoa.

A terapia se tornou popular entre atletas, praticantes de esportes, profissionais como bailarinas, pianistas, ou pessoas muito ativas, por proporcionar alívio da dor e da inflamação originada do desgaste ou uso excessivo das articulações e por permitir a recuperação rápida – sem necessidade de internação. Assim, a pessoa pode retomar suas atividades em um curto espaço de tempo, diferente do que ocorre com a cirurgia.

Visão anterior do joelho mostrando estruturas anatômicas.
Figura de joelho visto de frente. Mostra estruturas anatômicas da articulação.

Eficaz no tratamento da dor crônica causada por desgaste das articulações
PRP  não é um tratamento exclusivamente para atletas. Também é indicado no alívio da dor crônica causado por doenças degenerativas como a artroses, ou pelo uso excessivo da articulação (ex. LER-DORT) ou  em inflamações das estruturas adjacentes às articulações como  nos tendões. Como exemplo, as “ites” do tendão patelar, tendão de Aquiles e manguito rotador (tendões do ombro). A técnica vem demonstrando eficácia na redução da dor e na modulação da evolução da artrose. ¹

Acompanhe no vídeo procedimento de PRP guiado por ultrassom, realizado no final de 2012 no Singular Centro de Controle da Dor-Campinas por Dr. José Fábio Lana, ortopedista, médico esportivo e autor do livro “Platelet-Rich Plasma”, recém-lançado pela editora Springer em inglês. Neste livro, o capítulo que aborda o uso de PRP em clínicas de dor foi escrito por nosso time. No Singular, além do Dr. José Fábio,  este procedimento é realizado por mim e pelo Dr. Fabrício Assis.

Passo-a-passo da obtenção do PRP

1. Colhe-se o sangue, do braço do próprio paciente, como em um exame de sangue comum.

2. O sangue é colocado em um aparelho biomédico nominado centrífuga, também conhecida por GPS – não aquele que usa no carro! Este significa Gravitational Platelet System (sistema gravitacional de plaquetas).

3. Esta centrífuga especial gira em alta velocidade por 10-15 minutos. Quando o sangue é retirado, visualiza-se claramente que o sangue total está separado em três frações: uma celular (contendo células vermelhas), uma de plasma rico (alta concentração) em plaquetas, e outra de plasma pobre em plaquetas (células brancas). Este processo aumenta de 5 a 7 vezes a quantidade de plaquetas encontrada no sangue integral.

4. É retirado com uma seringa a fração do plasma pobre em plaquetas, e com outra seringa específica, é retirado o plasma rico em plaquetas (PRP) para uso na injeção.

Veja os passos neste vídeo:

Injeção de PRP

1. No momento do procedimento, após a rotina preparatória comum a todos os procedimentos, o médico  delimitará a região a ser tratada buscando os pontos mais dolorosos. Estes serão marcadas com caneta e o local será anestesiado com um anestésico local.

2. Utilizando imagens de ultrassonografia para guiar a agulha, o médico injeta o plasma rico em plaquetas no alvo (a área acometida), onde as plaquetas irão acelerar o processo de recuperação.

3. O paciente então repousará durante umas duas horas quando é examinado novamente para ver se está conseguindo flexionar e estender a articulação e a dor é novamente mensurada. O paciente então pode sair andando do seu procedimento.

4. São indicadas em média 03 aplicações com intervalo de 15 dias entre cada, dependendo da complexidade do caso.

Posto de maneira simples, o mecanismo envolve a ação das bioproteínas contidas nas plaquetas, que têm função de crescimento e cicatrização. Estimulam a regeneração celular e recrutam outras células para ajudar na recuperação. No processo natural de cicatrização, o corpo envia muitas plaquetas ao local afetado e, injetando o plasma com maior concentração, este processo se acelera.

A medicina regenerativa é uma área crescente da medicina e dia a dia novas pesquisas e publicações surgem.

Sugestões para o leitor

PRP – tratamento sem riscos

Post no blog Singular: Rafael Nadal utiliza PRP

Video sobre medicina regenerativa Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência:

Referências:

¹ American Journal of Sports Medicine, January 2014

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