Revisada em 12/04/2017
No post passado falamos sobre a abordagem biopsicossocial no tratamento da dor envolvendo o trabalho de uma equipe interdisciplinar junto ao paciente, o qual tem papel ativo no processo.
Quando se fala em equipe interdisciplinar hoje, imediatamente vem à mente a abordagem multidisciplinar adotada pelo Dr. John Bonica, médico anestesiologista americano, de origem italiana, que aliviou a dor de milhares durante a Segunda Guerra Mundial. Ele é considerado o pai dos estudos modernos sobre a dor.
Multidisciplinaridade
Num hospital de exército, ele trabalhava com energia e dedicação para aliviar a dor dos feridos, tanto física quanto psíquica, usando bloqueios regionais para o manejo da dor. Foi assim que ele iniciou a prática de ter reuniões com os vários especialistas que tratavam os pacientes para conseguir definir o melhor tratamento para cada um.
Ele teve esta ideia porque começou a ficar intrigado quando, ao encaminhar seus pacientes para os colegas ortopedistas, neurocirurgiões e psiquiatras na busca de melhores tratamento, constatou que sabiam menos que ele!
Surgiu então a ideia de reunir semanalmente com todos para traçar a melhor estratégia para o manejo da dor de cada paciente, já que nem um especialista sozinho tinha uma resposta terapêutica única.
Ao longo dos anos, diante do estresse e depressão causada pela dor dos pacientes, e baseado nos dados coletados por seu colega Wilbert Fordyce, ele foi integrando psiquiatras e psicólogos à equipe. Fordyce havia observado que fatores ambientais e o fator comportamental tinham influência sobre os pacientes de dor crônica.
Nos anos 1950, Bonica publicou seu livro, “The Management of Pain”, onde reuniu tudo que se sabia sobre dor na época e, em 1969, ele fundou o primeiro centro multidisciplinar de dor na Universidade de Washington onde começaram a oferecer serviços ambulatoriais.
Tendo difundido esta nova abordagem do manejo da dor utilizando bloqueios de dor e equipes multidisciplinares, em 1973, Dr. Bonica fundou uma Associação Internacional para o Estudo da Dor – IASP, junto com vários colegas.
No final das contas, a multidisciplinaridade é como se fosse o encontro de múltiplas disciplinas para uma solução ou ação, no caso, o tratamento da dor, com cada um obedecendo aos rigores da sua disciplina.
Nesta abordagem, médicos de especialidades relacionadas com sua condição tratam independentemente o paciente e reúnem para compartilhar informações entre si enquanto o paciente é recipiente dos cuidados. O grau de integração entre disciplinas é restrito aos resultados. (Bernard-Bonnin, AC. 1995)
Interdisciplinaridade
Na abordagem interdisciplinar, diferente da multidisciplinar, há trocas colaborativas mais estreitas e mais frequentes, entre os membros da equipe de múltiplos especialistas com relação ao paciente sendo tratado. A equipe procura um nível mais profundo de colaboração.
Uma equipe interdisciplinar junta seus conhecimentos e perspectivas e os integram com a finalidade de juntos completarem os níveis diferentes do cuidado planejado, resultando em trocas mais enriquecedoras. (Flinterman et al, 2001).
No próximo post, falarei mais sobre a interdisciplinaridade e o tratamento de dor crônica.
Até breve!