FIBROMIALGIA – SÍNDROME DE DOR COMUM EM MULHERES

Milhares de mulheres sofrem ao redor do mundo

A fibromialgia (FM) atinge de 2 a 10% da população mundial, sendo predominante entre mulheres jovens e de meia idade (20 a 50), em uma proporção de 8 mulheres para cada homem. Estes são os dados que temos, mas pode acometer pessoas de qualquer idade ou gênero.

A palavra Fibromialgia deriva do latim fibro (tecido fibroso: tendões, fáscias) e do grego mio (tecido muscular), algos (dor – algós) e ia (condição).

A principal característica desta síndrome é a dor crônica generalizada referida, em músculos, tendões e ligamentos, em diferentes partes do corpo. Outros sintomas comuns: fadiga persistente, sono não reparador, rigidez, catastrofização da dor e estresse emocional, os quais costumam piorar pela manhã e no começo da noite.

desenho legendado corpo com sintomas fibromiálgicos
Sintomas da síndrome fibromiálgica

Diagnóstico

Esta condição não é de diagnóstico fácil.

Segundo os critérios do Colégio Americano de Reumatologia, para emitir um diagnóstico de síndrome fibromiálgica, o médico deve constatar a presença de:

1) queixa de dor generalizada (difusa)

2) dor provocada pela compressão digital (apalpação com dedo) de pelo menos 11 de 18 pontos sensíveis (tender points).

Antes disso, deverá descartar outras causas sistêmicas que podem ser potenciais geradores de dor, como o hipotireoidismo, a artrite ou a polimialgia reumática, lúpus, a infecção pelo vírus Epstein-Barr, ou as hipovitaminoses.

Estresse pode ser gatilho

Este fator parece exercer um papel importante na síndrome FM. Os pacientes relatam que é um gatilho para o aparecimento dos primeiros sintomas ou do agravamento de sintomas (após estresses físicos ou emocionais de curta duração). Outros agravantes são excesso de atividade, frio, umidade e ansiedade.

Impacto no estilo de vida

Os sintomas da fibromialgia costumam causar um grande impacto na vida dos doentes. Com o tempo restringem o contato social e interferem continuamente na rotina dele/as, causando conflitos de papéis, perda de futuras oportunidades e baixa autoestima.

imagem de jovem com cabeça abaixada

A boa notícia: a FM, apesar de ser uma doença crônica, não é fatal. I fibromiálgico pode ter intensificação dos sintomas durante alguns meses e depois vê-los estabilizar por um tempo.

TRATAMENTO

O tratamento interdisciplinar é fundamental. Afinal, são vários aspectos da vida do paciente que ficam prejudicadas pela síndrome. A participação de profissionais de diferentes áreas permite abranger tais aspectos e promover a reintegração biopsicossocial da pessoa.

O médico de dor e os outros membros da equipe sempre têm como objetivo terapêutico melhorar a qualidade de vida e funcionalidade do paciente. Para tanto, precisam controlar a dor e fadiga e buscar meios de melhorar a qualidade do sono e estabilizar o humor do paciente.

O tratamento é baseado em três pilares, utilizando estratégias farmacológicas e não farmacológicas:

1) ajuste medicamentoso;

2) atividade física;

3) acompanhamento psicológico;

Vamos ver em um pouco mais de detalhe:

Farmacológicas: anti-depressivos, analgésicos anti-inflamatórios não-hormonais (AINHs), relaxantes musculares, ansiolíticos, sedativos (calmantes) e opioides.

Não farmacológicas: físicos – a acupuntura, a fisioterapia e as infiltrações nos pontos dolorosos; psicológicas – a psicoterapia ajuda o paciente a promover mudanças importantes que possam levar a uma melhor qualidade de vida e resgatar o funcionamento da pessoa. A abordagem psicológica mais efetiva é a cognitivo-comportamental em combinação com técnicas de relaxamento, ou exercícios aeróbicos e alongamentos.

A Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM), validando diretrizes do Colégio Americano de Reumatologia, consideram a educação ao paciente um tratamento não farmacológico no controle da síndrome.

Justificam isso pelo fato da enfermidade ser de longa duração e com queixas persistentes, o que acaba afetando a família de uma maneira ou outra. Por isso, quanto mais informações a família e os cuidadores tiverem, melhor será a atitude do paciente com relação à sua dor. E, quanto mais suporte tiver das pessoas do seu convívio, maiores condições terá para lidar com sua dor.

Atividade física essencial

mulher praticando tai chi
Tai chi chuan – exercício de baixo impacto, também contribui para o relaxamento.

Os exercícios, especialmente os aeróbicos, são recomendados no tratamento da FM, pois melhoram o condicionamento do corpo. Qualquer exercício aeróbico de baixo impacto (realizado por pelo menos 30 minutos) proporciona os benefícios do relaxamento e do fortalecimento muscular, que contribuem para a redução da dor e, em menor grau, a melhora da qualidade do sono. A caminhada, a natação, a dança, a hidroginástica, o yoga e o tai chi, são atividades físicas que não causam grandes impactos nos ossos e articulações.

De que maneira o exercício ajuda, além do condicionamento físico? A atividade física estimula a liberação de endorfinas que possui efeito analgésico; funciona como antidepressivo; e proporciona uma sensação geral de bem-estar e de maior controle sobre a própria dor.

Mas, não deve começar de repente! É aconselhável aumentar gradativamente a intensidade dos exercícios para não se cansar. Planejar a execução da atividade, descobrir e respeitar o próprio limite são elementos fundamentais quando se inicia uma rotina de atividade física.

Também, manter uma atitude positiva, visando a redução da dor, estimula o fibromiálgico a ter um papel ativo no enfrentamento da sua dor e na reabilitação de suas funções psicossociais.

Como podem ver, é uma batalha conjunta utilizando um conjunto de estratégias para o controle da dor.

 

Links relacionados

Tratamento não-farmacológico da fibromialgia (I)

Tratamento não-farmacológico da fibromialgia (II)

Fibromialgia: dores aliviadas com Tai Chi Chuan

Compartilhe:

Nosso últimos conteúdos