Quem já não observou que às vezes uma medicação pode funcionar para um indivíduo e não funcionar para outro? Que uma pequena dose poucas vezes por dia obtém boa resposta em um, enquanto para outro uma dose muito maior é necessário para conseguir algum efeito… e, às vezes, basta uma pequena dose de algum medicamento para se ter uma reação adversa.
A explicação reside na existência de variações genéticas que controlam a resposta do indivíduo às drogas.
Efeitos: terapêuticos e adversos
Quando os cientistas perceberam estas respostas diferentes devido à variação genética, e considerando o grande número de casos de pacientes com reações adversas a medicamentos, identificaram a necessidade de desenvolver uma nova ferramenta que o médico, na hora de prescrever medicações, pudesse utilizar para prever reações, benéficas ou adversas.
Seus estudos resultaram no desenvolvimento de uma nova ferramenta diagnóstica: a farmacogenética, possibilitando ao médico estabelecer o medicamento ideal e a dosagem certa de acordo com o paciente, e não mais ter de utilizar a dosagem para o paciente “médio” –indicada pela companhia fabricante do medicamento– cujo efeito poderia não atingir a eficácia desejada.
A prescrição de medicamentos baseada na resposta genética de cada indivíduo a um fármaco já é realidade em algumas áreas médicas, prática que está contribuindo para a construção de uma medicina cada vez mais individualizada.
Como funciona
Através de estudos genéticos realizados em saliva colhida do paciente (sequenciamento de DNA), é possível saber quais antidepressivos ou opioides terão maior probabilidade de eficácia e menores efeitos colaterais.
Estes estudos são extensivos para outras áreas além da medicina da dor. Com esses exames, por exemplo, é possível definir a dose de anticoagulante a ser prescrita ou investigar se o uso de repositores hormonais femininos poderá estimular o desenvolvimento de câncer de mama.
Mas, como todo exame novo e sem uso em escala, o preço é um fator limitante. Mesmo assim, no futuro facilitaria bastante nosso trabalho poder realizar estes testes no próprio consultório ou ter o perfil genético do paciente desde a primeira consulta. Na hora da prescrição teríamos possibilidade maior de otimizar o uso dos medicamentos e assim proporcionar mais alívio da dor para o paciente e consequente melhora na qualidade de vida.
Atualização
No momento está em andamento um estudo randomizado (considerado o padrão-ouro para a adoção de uma ferramenta ou tratamento), envolvendo 8000 pacientes em 7 hospitais em 7 países da Europa com término previsto para 2020. Quem sabe finalmente, após mais de 50 anos de pesquisas, a farmacogenética seja adotada como prática.
Se interessar por mais detalhes, clique aqui para visitar o website de um laboratório que oferece este serviço pioneiro no Brasil.
Tenham um ótimo dia!
Atualizado em 21/03/2018