Estimulador Medular Permite Controle da Dor Crônica

A terapia da Estimulação Medular é eficaz no tratamento de dor crônica refratária – que não responde aos tratamentos convencionais, sendo as síndromes pós-laminectomias, síndromes da dor complexa regional e dores neuropáticas, as condições que melhor respondem a esse tratamento de alívio da dor.

Como o tratamento ajuda?

Reduz a severidade da dor a níveis toleráveis sendo que o médico pode ajustar os estímulos – por intermédio de um aparelho – para áreas específicas e quantidades diferentes de estímulo de acordo com sensibilidade e dor do paciente.  Além de reduzir a dor, que é o objetivo principal, conduz a um menor consumo de  medicações analgésicas.

Há vários estudos que demonstram sua eficácia e, enquanto a redução de dor varia de pessoa para pessoa, estes estudos mostram que 85 a 90 por cento daqueles que receberam este tratamento relatam de 50 a 70 por cento de redução da dor no geral.

Muitos também relatam melhora na sua capacidade de voltar a ter uma vida familiar normal e de realizar normalmente as atividades do trabalho. O controle da dor pode ter um efeito positivo na melhora do estado psicológico do paciente, na redução do estresse e na melhora de sua qualidade de vida.¹

Na semana passada descrevi como é feito a introdução temporária (trial) do estimulador medular, uma espécie de “test-drive”, para o paciente determinar se a terapia proporciona alívio da dor satisfatório e se ele sentirá confortável com a estimulação medular.

Enquanto estiver utilizando o trial, o paciente pode controlar os estímulos ligando e desligando-os, aumentando ou diminuindo a intensidade dos pulsos de acordo com sua vontade. Sendo portátil, o paciente poderá retomar normalmente a maioria de suas atividades diárias, seja no trabalho ou em casa.

Esta semana falarei sobre o implante definitivo.

Ação do Estimulador Medular

Mundo-sem-Dor-neuromodulador-implantadoOs impulsos vindo do gerador substituirão os impulsos sensoriais de dor severa enviados para o cérebro e no seu lugar emitirá sinais da mais branda parestesia (sensação cutânea de “formigamento” ou frio ou calor), uma sensação mais agradável que a dor.

A terapia é dividida em duas etapas: 1. Trial do Implante e 2. Implantação definitiva

Trial

Monitoramento – durante o período de teste, a pessoa terá como avaliar como é sua resposta à estimulação durante o dia e durante a realização das tarefas do dia-a-dia, assim como a maneira em que o dispositivo impacta suas várias atividades. Isto inclui a anotação de um histórico dos resultados e impressões do paciente da eficácia do dispositivo no alívio de sua dor.

Trial do Estimulador Medular

Tomada de decisão – se o paciente teve uma experiência positiva, o médico e ele juntos decidirão se ele terá benefícios com a terapia e passarão para o próximo passo, que é o implante do sistema estimulador definitivo.

É fundamental a avaliação psicológica do paciente para ter consciência dos reais benefícios deste aparato.

Implantação Definitiva

O gerador é implantado embaixo do tecido adiposo (camada de gordura) e fixado ao músculo por intermédio de pontos.  A bateria dura de 5 a 7 anos, sendo que futuramente pode ser trocado somente o gerador se os eletrodos estão bem posicionados e mostrando eficiência.

Implantação definitiva de estimulador medular no tratamento de dor crônica refratária

Para se implantar um gerador há apenas um corte suficiente para implantar a bateria. Difere do trial onde é feita apenas uma punção. Por telemetria faz-se um controle da potência e dos pólos que estarão funcionando, diferente do trial que é controlado externamente por um controlador externo.

Dois meses após o implante, pode-se retornar as atividades físicas regulares tais como nadar e pedalar.

A essa altura, um leitor considerando o implante poderá se perguntar, “…mas, vou ficar com isso implantado o resto da vida?” Embora falemos em definitivo, o sistema poderá ser removido a qualquer hora se não for mais necessário.

O implante do trial é feito em 30 a 45 minutos e o paciente vai embora no mesmo dia na ausência de intercorrências, enquanto o procedimento para o implante do definitivo é realizado em duas horas no máximo, sendo conveniente a internação por um dia.

Recuperação

Efeitos negativos e complicações são incomuns. O problema mais comum é a dor no local do implante que dura alguns dias. Seu médico de dor pode receitar analgésicos até a dor cessar.

Complicações possíveis: infecção, sangramento, lesionamento do nervo ou medula, punção dural, e deslocamento indevido ou rompimento dos fios.

A maioria das pessoas podem retomar atividades leves alguns dias depois do procedimento, mas, até dois meses pós-procedimento, deve-se evitar levantar peso, virar e retorcer o corpo, assim permitindo que os eletrodos cicatrizem na posição certa.

Acompanhamento

A programação é feita pelo técnico da empresa fabricante sob ordenança do médico ou pelo médico sozinho. Os ajustes iniciais são mais frequentes até achar o equilíbrio ideal. Depois as visitas ficam espaçadas.

No estudo de Sears de 2011 acima citado, 77,8% dos pacientes com SDCR e 70,6% dos pacientes com síndrome pós-laminectomia disseram que eles fariam novamente para obter o mesmo resultado.

Boa semana para todos!!

 
REFERÊNCIA: 
¹Neuromodulation. 2011 Jul-Aug;14(4):312-8; discussion 318. doi: 10.1111/j.1525-1403.2011.00372.x. Epub 2011 Jul 7.
Long-term outcomes of spinal cord stimulation with paddle leads in the treatment of complex regional pain syndrome and failed back surgery syndrome.
Sears NC, Machado AG, Nagel SJ, Deogaonkar M, Stanton-Hicks M, Rezai AR, Henderson JM. Source Cleveland Clinic Lerner College of Medicine of Case Western Reserve University, Cleveland, OH, USA.
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