Espondilose – Parte I

Espondilose

O avanço da idade é inexorável assim como o desgaste do nosso corpo, como qualquer máquina que é utilizada repetidamente.

Por mais que tenhamos cuidado em nos manter saudáveis, tem estruturas e tecidos do nosso corpo que vão desgastar, e isto faz parte do processo de envelhecimento. No caso da coluna, quando uma parte dela falha em cumprir sua função, sobrecarrega outra, e assim vai afetando toda a estrutura.

Estas alterações ocorrem nos discos, facetas e ligamentos, que compõem as vértebras e costumam manifestar em sintomas dolorosos em torno da meia-idade, podendo ocorrer mais cedo devido à má postura, ao sobrepeso ou por conta de trabalhos ou atividades repetitivas que sobrecarregam a coluna. As patologias dolorosas de coluna causadas por estas mudanças podem se tornar crônicas e prejudicar a qualidade de vida do indivíduo.

Espondilose é o nome dado a alterações degenerativas inespecíficas da coluna, caracterizadas por degeneração dos discos intervertebrais, das articulações facetárias e consequente formação de osteófitos (“bicos-de-papagaio”).

Sua ocorrência é mais comum na coluna Cervical e Lombar – as regiões que se movimentam mais, mas, pode ocorrer em qualquer parte da coluna – torácica (dorsal), sacral ou coccigeana. Para vocês terem uma idéia melhor, incluo abaixo uma figura mostrando as 4 regiões em que nossa coluna vertebral é dividido. São as regiões: 1) cervical ( 7 vértebras); torácica ou dorsal (12 vértebras); lombar (5 vértebras); e 4)  sacro-coccigeana (5 vértebras sacrais e 4 coccigeanas).

Vista lateral das divisões da coluna e o número de vértebras que compõem cada divisão.

Principais causas

Estas mudanças na anatomia da coluna, como mencionei antes, estão relacionadas com o desgaste natural devido a idade ou com fatores mecânicos ou posturais.

Além de ilustrar a Espondilose, a figura abaixo lhe permitirá visualizar e identificar alguns problemas que podem acontecer com os discos vertebrais, alguns dos quais já foram referenciados aqui no blog (Estenose, Hérnia de Disco, Hérnia Abaulada (bulging). A ocorrência destas patologias é mais comum na coluna Cervical e Lombar – as partes que mais se movimentam.

Patologias dos discos vertebrais da coluna

Qual parte da coluna é mais afetada?

Na coluna cervical, as três vértebras inferiores em nível C4-C6 e na lombar em nível L5-S1 são as mais atingidas. Entre mulheres, é mais comum entre L4-5

Coluna vertebral com a numeração das vértebras por região

Incidência da cervicalgia e lombalgia espondilítica

Quase metade da população apresenta cervicalgia (dor no pescoço) em algum momento da vida e sabe-se que dor lombar (dor na parte inferior da coluna) é a primeira causa de absenteísmo ao trabalho nos países industrializados, ficando atrás apenas do resfriado comum.

Um Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas de 2010 aponta que um estudo de base populacional inglesa mostrou que 25% das mulheres e 20% dos homens em atendimento primário apresentavam dor cervical recorrente.

Dados de alta prevalência da condição foram confirmados em um estudo que, avaliando 10,000 adultos noruegueses, identificou quadro de dor cervical em 34% deles no ano anterior ao da pesquisa.  A dor cervical é a segunda causa mais frequente de consulta nos serviços primários de saúde do mundo inteiro, ficando apenas atrás da dor lombar.¹

Aproximadamente 70%-80% da população sofrem de alguma dor incapacitante da coluna ao longo da vida. A idade média ao diagnóstico é em torno dos 48 anos, e a incidência anual, de cerca de 107 por 100.000 em homens e de 63 por 100.000 em mulheres. Ainda não dispomos de dados sobre a prevalência da espondilose cervical e lombar no Brasil.¹

No próximo post mais sobre os sintomas desta doença degenerativa e o seu diagnóstico, e no caso de não responder aos tratamentos convencionais, os tipos de tratamentos que o médico intervencionista utiliza no controle da dor resultante da desordem.

Não percam Parte II!

Até breve!

Fonte dos dados epidemiológicos:
¹Ministério da Saúde Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Portaria SAS/MS nº 494, de 23 de setembro de 2010. Espondilose. Consultores: Beatriz Antunes de Mattos, José Miguel Dora, Luiz Roberto de Fraga Brusch,Bárbara Corrêa Krug e Karine Medeiros AmaralEditores: Paulo Dornelles Picon, Maria Inez Pordeus Gadelha e Alberto Beltrame.

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