Quais sintomas o médico verifica para diagnosticar a espondilose? Que tipo de exame é feito e quais são os tratamentos disponíveis?
Dando sequência ao post da semana passada, Espondilose Parte I, em Parte II descreverei os principais sintomas, diagnóstico, e as principais modalidades terapêuticas usadas no tratamento desta doença degenerativa, que altera vértebras e discos intervertebrais, articulações facetárias ou ambos.
Vale lembrar que fatores de risco são idade, ocupação, lesões em alguma vértebra da região e fatores genéticos.
A formação de hérnias de disco e osteófitos (“bicos-de-papagaio”) é mais comum do que se imagina e muitas vezes a pessoa não apresenta sintomas. Estas alterações nas vértebras podem causar estenoses (estreitamentos do canal espinhal ou do forame intervertebral) e pode haver redução de altura e volume dos discos intervertebrais.
Quando a degeneração é crônica, a medula espinhal, as raízes nervosas e tecidos moles circundantes podem ser afetados, ou seja, os nervos, músculos e tecidos. A finalidade dos tratamentos é reduzir a compressão sobre estas estruturas que estão causando a dor, podendo a pessoa alternar entre períodos de crise e outros sem sentir dor.
A dor espondilítica costuma agravar com o início dos movimentos e melhora com a continuidade.
Sintomas
Espondilose cervical
No geral, a espondilose cervical é assintomática. Em pacientes com sintomas, queixas comuns são: dores no pescoço, rigidez, espasmos musculares, dores de cabeça ocasionais.
Se uma vértebra ficar fora do lugar, os nervos locais podem ser pressionados ou pinçados, podendo ocorrer: formigamento ou dormência nos membros superiores, dores e fraqueza nos braços (radiculopatia cervical).
Complicações
Mielopatia cervical (compressão da medula espinhal ou raízes nervosas na região do pescoço); pontos dolorosos; tetraplegia; paraplegia.
Espondilose lombar
Dor, dor ciática, fraqueza muscular, dormência ou ardência ou “choquinhos” na região lombar, nas nádegas ou nas pernas.
Complicações
Perda de coordenação e dificuldade em caminhar (claudicação neurogênica ou mudança na forma de caminhar causada por pressão nos nervos que mandam sinais para os músculos da perna), paraplegia, incontinência urinária, infecções recorrentes do trato urinário.
Diagnóstico
A avaliação inicial começa com um histórico bem detalhado e exame clínico completo com teste provocativo no caso de dor lombar crônica. Estes primeiros passos são complicados pela subjetividade das experiências dos paciente com dor de coluna crônica e pela dificuldade inerente em isolar a região anatômica de interesse durante teste provocativo sem a influência das estruturas vizinhas.¹
Exames radiográficos, sejam eles raio-X convencional, TC, mielograma TC, ou RMN, podem apresentar evidência útil na confirmação de algum achado durante o exame clínico e localizar uma lesão degenerativa ou área de compressão nervosa. No entanto, a ciência das imagens é imperfeita, conseguindo identificar a causa de uma dor lombar, por exemplo, em apenas 15% dos pacientes quando há ausência de herniação discal clara ou déficit neurológico.²
Sintomas de compressão dos nervos também podem ser confirmados por exames eletromiográficos, demonstrando retardo na condução do estímulo nervoso motor e sensorial normal distal com teste de agulha. Injeções diagnósticas podem facilitar a localização desses nervos, isolando e anestesiando as raízes nervosas irritadas (bloqueios radiculares), ou bloqueando os geradores de dor suspeitos dentro das articulações facetárias, das articulações sacroilíacas como exemplos.²
Tratamento
Os primeiros passos no tratamento da espondilose consiste de:
– terapia não medicamentosa: alongamentos; fisioterapia, ou um programa de exercícios orientado por fisioterapeuta ou educador físico; aplicação de calor, educação postural; terapia ocupacional ou recreativa, manipulação da coluna, terapia multidisciplinar com uma abordagem biopsicossocial, TENS (estimulação elétrica transcutânea);
– terapia medicamentosa para tratar os sintomas: analgésicos (ex.: paracetamol, dipirona) ou opióides, no caso de dor severa; AINEs (antiinflamatórios não-esteróides por período curto); relaxantes musculares. Para dor crônica, antidepressivos tricíclicos (ex,amitriptilina) ou duais ( ex, duloxetina) . Quando o paciente não responde a estas primeiras opções terapêuticas, passa-se para o próximo degrau de tratamentos que são os tratamentos intervencionistas minimamente invasivas para o manejo da dor.
Os mais comuns utilizados são:
– injeções epidurais de corticosteroides
– injeções sacroilíacas (somente para espondilose lombar)
– injeções facetárias
– IDET (terapia intradiscal eletrotermal)
– anuloplastia por radiofrequência (RF)
– descompressão da raiz nervosa ou do cordão espinhal
Como podem ver, pela possibilidade da degeneração ter várias origens, além do tratamento medicamentoso, a fisioterapia ou as terapias intervencionistas (e, em caso da ameaça de danos maiores aos nervos, a cirurgia), é necessário que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar especializada para assistí-lo, não somente nos tratamentos, como também na educação sobre as mudanças de estilo de vida necessárias para ajudar a atenuar os sintomas de dor.
Com um programa de controle da dor, espera-se melhorar a capacidade funcional do paciente, proporcionando a volta às suas atividades e a reconquista de sua qualidade de vida.
E, volto à tecla da prática da atividade física regular na prevenção de doenças. Tenham um bom fim de semana e até a próxima!
Referências
¹Middleton, K, Fish, DE. Lumbar spondylosis: clinical presentation and treatment approaches. Curr Rev Musculoskelet Med. 2009 June; 2(2): 94–104.
²Boswell MV, Trescot AM, Datta S, et al. Interventional techniques: evidence-based practice guidelines in the management of chronic spinal pain. Pain Physician. 2007;10(1):7–111.
³Lamer TJ. Lumbar spine pain originating from vertebral osteophytes. Reg Anesth Pain Med.1999;24(4):347–51.