Doença inflamatória crônica, tipo de artrite, afeta principalmente as articulações da coluna vertebral
A Espondilite Anquilosante (EA), ou doença de Bechterew, não tem cura, mas, quando diagnosticada logo no começo, a dor e os outros sintomas podem ser tratados, contribuindo para a redução das complicações da doença.
Os sinais de alerta:
- Dor na coluna sem ter sofrido nenhum trauma
- Rigidez da coluna, piora com o repouso (ex.: de manhã ao levantar)
- Postura curvada? (“corcunda”, costas, ombros e pescoço inclinados para frente)
CONHEÇA
A doença é considerada reumática e hereditária e é mais frequente em homens jovens, com o surgimento dos sintomas no final da adolescência até em torno dos 30 anos. Mas, pode surgir em qualquer idade, e em mulheres também. Sabe-se que seu desenvolvimento é associado à ativação do gene HLA-B27, mas o gatilho (fator iniciante) continua desconhecido. No Brasil, por ano, 150 mil pessoas sofrem de dor na coluna causada por Espondilite Anquilosante.
Ilustradora: Natasha Mansfield
Apesar de ser mais comum na coluna e nas articulações “maiores” (quadris, joelhos, ombros, calcanhar e bacia), pode ocorrer nos olhos e nos órgãos internos (coração, intestino e pulmões).
O que causa a dor na coluna
Vamos ver como a dor surge. Quando há desgaste nas cartilagens das vértebras (típico das artrites), começam a ter atrito com o disco intervertebral. Isto resulta na inflamação dos nervos e os tecidos circundantes, deixando o movimento doloroso. Com maior desgaste, pode chegar a osso entrar em contato com osso.
Em casos graves, pode haver até a fusão das vértebras, levando à redução severa da mobilidade. Neste estado a coluna fica rígida e em um estado chamado de “coluna de bambu”, por ter “juntas” salientes que os mantém eretos.
As crises de dor seguem um padrão de intervalos irregulares –melhora um tempo, piora, depois melhora de novo. A rigidez da coluna piora com o descanso, de manhã quando acorda, por exemplo, ou com a prática de atividades que requerem muito esforço.
Quanto mais rígida a coluna, maior a tendência de ter uma postura acorcovada, típico no estágio avançado. E não é só uma questão de aparência, nem dor, uma complicação ainda maior pode ser a dificuldade para respirar, pois poderá comprimir os pulmões.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é baseado em exames clínicos e laboratoriais, história do paciente, com o auxílio de exames de imagens como TC (tomografia computadorizada) e RMN (Ressonância Magnética Nuclear). O exame de sangue identifica o gene HLA-B27. No entanto, sua presença não implica que desenvolverá a EA porque ainda não se sabe o que engatilha sua expressão.
TRATAMENTO
O objetivo do tratamento é aliviar a dor e diminuir o estresse sobre as vértebras, conter a evolução da doença e manter/melhorar a boa mobilidade. Seus pilares são os medicamentos, fisioterapia e exercício físico.
Manejo da dor
A primeira linha de tratamentos inclui anti-inflamatórios não-hormonais (AINEs). Se estes não funcionarem, o médico intervencionista de dor pode fazer injeções epidurais para injetar os anti-inflamatórios na região dos nervos afetadas para diminuir a inflamação e inchaço mais rápido e por mais tempo. Para conter a progressão da doença, terapias biológicas podem ser prescritas. São medicamentos mais avançados que tratam o sistema imunológico (a EA é considerada uma doença autoimune). A fisioterapia é indicada para o reforço muscular, a manutenção da amplitude de movimento e o controle postural (melhora tanto o físico quanto a auto-estima).
A natação é um excelente exercício físico para o manejo da espondilose anquilosante. Fonte imagem: pexel.comExercício físico
Exercício regular de 5 a 10 minutos por dia podem ter efeito benéfico, melhorando a flexibilidade e fortalecendo os músculos que suportam a coluna e o pescoço. Hidroterapia, pilates, yoga ou tai chi , natação, caminhada, o que lhe der prazer e com o aval do seu fisio.
Uma dieta rica em alimentos anti-inflamatórios e a perda de excesso de peso também poderão ajudar a combater a inflamação e o estresse excessivo na articulação.
Concluo reforçando que é importante iniciar o tratamento da Espondilite Anquilosante o quanto antes, para conseguir reduzir a dor e inflamação, promover o aumento da mobilidade, e reduzir as complicações da doença. “Antes prevenir do que remediar”. Não é verdade?
Na visão da Medicina Intervencionista da Dor, qualquer programa de controle dos sintomas tem enfoque multidisciplinar e o objetivo é sempre a restauração da qualidade de vida e da função do/a paciente.
Está vindo aí, nesta próxima quinzena de maio, a campanha de conscientização sobre a Espondilite Anquilosante. Se você gostou do artigo, compartilhe, obrigado! Seus comentários e perguntas são sempre bem-vindos.
Referências