Doença inflamatória crônica, tipo de artrite, afeta principalmente as articulações da coluna vertebral
A Espondilite Anquilosante (EA), ou doença de Bechterew, não tem cura, mas, quando diagnosticada logo no começo, a dor e os outros sintomas podem ser tratados, contribuindo para a redução das complicações da doença.
Os sinais de alerta:
- Dor na coluna sem ter sofrido nenhum trauma
- Rigidez da coluna, piora com o repouso (ex.: de manhã ao levantar)
- Postura curvada? (“corcunda”, costas, ombros e pescoço inclinados para frente)
CONHEÇA
A doença é considerada reumática e hereditária e é mais frequente em homens jovens, com o surgimento dos sintomas no final da adolescência até em torno dos 30 anos. Mas, pode surgir em qualquer idade, e em mulheres também. Sabe-se que seu desenvolvimento é associado à ativação do gene HLA-B27, mas o gatilho (fator iniciante) continua desconhecido. No Brasil, por ano, 150 mil pessoas sofrem de dor na coluna causada por Espondilite Anquilosante.
Apesar de ser mais comum na coluna e nas articulações “maiores” (quadris, joelhos, ombros, calcanhar e bacia), pode ocorrer nos olhos e nos órgãos internos (coração, intestino e pulmões).
O que causa a dor na coluna
Vamos ver como a dor surge. Quando há desgaste nas cartilagens das vértebras (típico das artrites), começam a ter atrito com o disco intervertebral. Isto resulta na inflamação dos nervos e os tecidos circundantes, deixando o movimento doloroso. Com maior desgaste, pode chegar a osso entrar em contato com osso.
Em casos graves, pode haver até a fusão das vértebras, levando à redução severa da mobilidade. Neste estado a coluna fica rígida e em um estado chamado de “coluna de bambu”, por ter “juntas” salientes que os mantém eretos.
Principais sintomas – dor e rigidez
As crises de dor seguem um padrão de intervalos irregulares –melhora um tempo, piora, depois melhora de novo. A rigidez da coluna piora com o descanso, de manhã quando acorda, por exemplo, ou com a prática de atividades que requerem muito esforço.
Quanto mais rígida a coluna, maior a tendência de ter uma postura acorcovada, típico no estágio avançado. E não é só uma questão de aparência, nem dor, uma complicação ainda maior pode ser a dificuldade para respirar, pois poderá comprimir os pulmões.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é baseado em exames clínicos e laboratoriais, história do paciente, com o auxílio de exames de imagens como TC (tomografia computadorizada) e RMN (Ressonância Magnética Nuclear). O exame de sangue identifica o gene HLA-B27. No entanto, sua presença não implica que desenvolverá a EA porque ainda não se sabe o que engatilha sua expressão.
TRATAMENTO
O objetivo do tratamento é aliviar a dor e diminuir o estresse sobre as vértebras, conter a evolução da doença e manter/melhorar a boa mobilidade. Seus pilares são os medicamentos, fisioterapia e exercício físico.
Manejo da dor
A primeira linha de tratamentos inclui anti-inflamatórios não-hormonais (AINEs). Se estes não funcionarem, o médico intervencionista de dor pode fazer injeções epidurais para injetar os anti-inflamatórios na região dos nervos afetadas para diminuir a inflamação e inchaço mais rápido e por mais tempo. Para conter a progressão da doença, terapias biológicas podem ser prescritas. São medicamentos mais avançados que tratam o sistema imunológico (a EA é considerada uma doença autoimune). A fisioterapia é indicada para o reforço muscular, a manutenção da amplitude de movimento e o controle postural (melhora tanto o físico quanto a auto-estima).
A natação é um excelente exercício físico para o manejo da espondilose anquilosante. Fonte imagem: pexel.comExercício físico
Exercício regular de 5 a 10 minutos por dia podem ter efeito benéfico, melhorando a flexibilidade e fortalecendo os músculos que suportam a coluna e o pescoço. Hidroterapia, pilates, yoga ou tai chi , natação, caminhada, o que lhe der prazer e com o aval do seu fisio.
Uma dieta rica em alimentos anti-inflamatórios e a perda de excesso de peso também poderão ajudar a combater a inflamação e o estresse excessivo na articulação.
Concluo reforçando que é importante iniciar o tratamento da Espondilite Anquilosante o quanto antes, para conseguir reduzir a dor e inflamação, promover o aumento da mobilidade, e reduzir as complicações da doença. “Antes prevenir do que remediar”. Não é verdade?
Na visão da Medicina Intervencionista da Dor, qualquer programa de controle dos sintomas tem enfoque multidisciplinar e o objetivo é sempre a restauração da qualidade de vida e da função do/a paciente.
Está vindo aí, nesta próxima quinzena de maio, a campanha de conscientização sobre a Espondilite Anquilosante. Se você gostou do artigo, compartilhe, obrigado! Seus comentários e perguntas são sempre bem-vindos.
Referências