ESCOLIOSE – Parte II

Hoje vamos falar sobre um dos tipos de escoliose e as opções de tratamento indicadas. A escoliose adulta é um problema de saúde no mundo todo e costuma começar a manifestar em torno da meia idade.

Em geral, os médicos adotam os tratamentos mais conservadores no tratamento da escoliose adulta e a última opção na escala de tratamento é a intervenção cirúrgica. Isto devido à gravidade da cirurgia, às taxas de complicações associadas em cirurgias corretivas, e à qualidade do osso marginal, endêmica a esta população.

Somente em casos de dor crônica debilitante seu médico considera esta opção. Um pré-requisito para a realização de tratamento cirúrgico é ter utilizado todos os tratamentos conservadores apropriados sem sucesso.

Em uma revisão sistemática publicada em 2007, os autores Everett e Patel levantaram evidências com relação aos principais tratamentos conservadores e constataram que ainda não existe um consenso sobre qual dos tratamentos não-cirúrgicas é mais eficaz para esta deformidade adulta.¹

Escoliose adulta degenerativa

Causada por condições degenerativas da coluna, a escoliose adulta degenerativa pode ocorrer quando uma pessoa desenvolve uma artrite, estenose ou espondilolistese, ou pode resultar de osteoporose (perda de massa óssea), ou até de cirurgias da coluna realizadas para tratar outras condições.

Artrite

Nesta condição, há perda gradativa na espessura dos discos intervertebrais. A cartilagem e as superfícies das facetas da coluna podem ficar desgastadas e os danos à vértebra podem causar a curvatura excessiva da coluna e consequente desalinhamento. Esta situação por sua vez pode comprimir os nervos e causar dor de coluna. (Leia post Mundo sem Dor sobre osteoartrite).

Estenose

Estenose significa estreitamento, e pode ocorrer quando o canal medular fica estreitado e comprimido por alguma estrutura como um disco vertebral ou um osteófito (bico de papagaio).

Em razão disso, os canais por onde os nervos passam também podem ficar estreitados e começar a comprimir os nervos espinhais. Este estreitamento do canal medular e a compressão dos nervos pode causar dor e alterações na sensibilidade e/ou funcionamento motor. Leia post Mundo sem Dor para mais informações sobre esta patologia.

Espondilolistese

Do grego “spondylo”, que significa “coluna” e “listhesis” que significa “deslizando por um caminho escorregadio”, esta patologia pode ser descrito como o escorregamento de uma vértebra sobre a outra mais próxima. Pode escorregar para o lado ou para frente, deixando a coluna desalinhada. A condição é classificada como Tipo I até IV, sendo o tipo IV o mais severo, e causador de sintomas neurológicos.

Vértebra deslocada e desalinhada
Imagem de RM mostrando o deslizamento da vértebra

Esta patologia pode ser de origem congênita ou degenerativa (desgaste das articulações e transtornos dos discos vertebrais). Mais comumente o tipo congênito acomete o indivíduo na infância ou na adolescência.

A espondilolistese  adquirida ou degenerativa geralmente aparece em torno da meia-idade e é mais comum entre mulheres.

Também é comum entre desportistas.

Ocorre por desgaste natural ou por pressões sobre a coluna no dia-a-dia, como no levantamento de objetos, ou em atividades em que os ossos da região lombar são mais impactados e a coluna mais exigida regularmente no movimento de hiperextensão.

Tratamentos para Escoliose

Já um assunto de intensos debates por um bom par de anos, não há “receita” — o tratamento escolhido dependerá da causa. O paciente deve ser assessorado por uma equipe multiprofissional com abordagem interdisciplinar incluindo especialistas em coluna, médicos de dor, fisioterapeutas e psicólogos. Estão entre as opções básicas, além de medicações (analgésicos leves e antiinflamatórios) e exercícios:

  • Observação

A criança em desenvolvimento é observado desde quando a curvatura da coluna está em pequeno grau. Geralmente o máximo que atinge é de 20 a 30°. Acima disso costuma-se utilizar um tratamento mais agressivo. Quando a escoliose for observado em uma criança, ela deve ser levada para consultar com um especialista em coluna a cada 6 meses até atingir a maturidade.

  • Colete ou Cinto Ortopédico

O colete ou cinto ortopédico ajuda a controlar a acentuação da curvatura da coluna, mas não contribui significativamente na correção do desvio em adultos.  É mais eficaz em crianças que estão crescendo rapidamente e cujas curvaturas estão piorando com esse crescimento.

  • Reabilitação não-cirúrgica

Os pesquisadores continuam investigando os efeitos das opções conservadoras de tratamento. Embora não alterem a progressão da escoliose, são eficazes em aliviar os sintomas e dor causada pela condição. Entre elas estão: controle/gerenciamento da dor, fisioterapia; quiropraxia, osteopatia. Sem dúvida o Pilates, a yoga e a acupuntura têm seu lugar neste rol.

Mas, vamos parar um pouco para você leitor/a digerir estas informações. Continuamos com mais detalhes no próximo post… principalmente sobre o controle da dor escoliótica. Não podia ser diferente, não é?!

Não percam parte III no sábado!

Boa noite e bom descanso!

Referências:

¹Everett, Clifford R. MD, MPH; Patel, Rajeev K. MD. Revista Spine. Sept 1, 2007 – Volume 32 – No.19 – pp S130-S134. A Systematic Literature Review of Nonsurgical Treatment in Adult Scoliosis

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