Dor de Cabeça ou Cefaleia?
É considerada cefaleia uma dor acima dos olhos e orelhas, na parte posterior da cabeça ou atrás da parte superior do pescoço.
Atualmente, as cefaleias são queixas frequentes e comuns em praticamente todas as especialidades médicas. É um sintoma presente em diversas condições médicas, e já foram identificados mais de 150 tipos diferentes de dor de cabeça.
A dor funciona como um alerta de que algo está errado no organismo. Na maioria das vezes, essa percepção leva o indivíduo a buscar um diagnóstico e tratamento adequados.
Para aprimorar os diagnósticos e tratamentos dessa condição tão comum, a Sociedade Internacional de Cefaleias (IHS) publicou um sistema de classificação das dores de cabeça (1988, 2004 e 2007).
Impacto
As dores de cabeça podem ter um efeito negativo sobre o trabalho e a vida diária, principalmente a migrânea (enxaqueca), prejudicando a qualidade de vida do indivíduo.
Dados sobre a Migrânea nos Estados Unidos
- Redução de 41% na produtividade no trabalho durante as crises;
- 112 milhões de dias por ano de repouso no leito devido às crises de enxaqueca;
- Custos de 8 bilhões de dólares anuais por dias perdidos no trabalho.
Prevalência no Brasil
Um estudo de 2010, conduzido pelos neurologistas Fernando Kowacs e Liselotte Barea, membros da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC), revelou que:
- Os jovens adultos entre 30 e 39 anos são os mais afetados pela enxaqueca;
- 27,1% das mulheres e 18,1% dos homens dessa faixa etária sofrem com a condição;
- A prevalência da cefaleia ao longo da vida atinge 93% dos homens e 99% das mulheres;
- 76% das mulheres e 57% dos homens apresentam pelo menos um episódio de dor de cabeça por mês.
Coisa séria, não é?
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O Cérebro Sente Dor?
Diferente de muitas áreas da cabeça e do pescoço, o cérebro não é provido de neurotransmissores e/ou receptores de dor, portanto, ele não sente dor.
O que causa a dor de cabeça são as alterações que ocorrem nas estruturas ao redor do cérebro, como:
- Meninges (membranas que protegem o cérebro);
- Artérias e veias extracranianas;
- Ossos cranianos;
- Nervos cranianos e espinhais;
- Músculos da cabeça e pescoço;
- Couro cabeludo.
No entanto, em alguns casos, a dor de cabeça é o principal sintoma de uma condição cujas causas não estão associadas a alterações estruturais, metabólicas, tóxicas ou infecciosas, mas sim a alterações bioquímicas cerebrais, algumas delas determinadas geneticamente.
Por exemplo, as alterações neurovasculares envolvendo certos neurotransmissores como a serotonina e o nervo trigêmeo (nervo craniano que inerva as estruturas do crânio) são os principais responsáveis pela enxaqueca.
Endorfinas e a Dor de Cabeça
O impacto do nível de endorfinas na percepção da dor de cabeça é um fator relevante. Acredita-se que pessoas que sofrem de dores de cabeça crônicas ou severas tenham níveis mais baixos de endorfinas em comparação com aquelas que não relatam esse sintoma.
A dor de cabeça, muitas vezes, ocorre devido à tração ou irritação das meninges e dos vasos sanguíneos.
Os nociceptores (receptores de dor) podem ser estimulados por diferentes fatores além de traumas na cabeça ou tumores, incluindo:
- Estresse;
- Dilatação dos vasos sanguíneos;
- Tensão muscular.
Uma vez estimulados, os nociceptores transmitem sinais ao cérebro, alertando que uma parte do corpo está doendo.
Classificação das Cefaleias
As dores de cabeça podem ser classificadas em três categorias principais:
- Cefaleias primárias
- Cefaleias secundárias
- Nevralgias cranianas, dor facial e outras
Além disso, o diagnóstico pode atingir até quatro níveis de especificidade.
Quando uma pessoa recebe atenção primária, ou seja, consulta um clínico geral, geralmente são feitos diagnósticos de primeiro e segundo nível.
Já em centros especializados em dor de cabeça, como centros de dor, os especialistas conseguem realizar diagnósticos de terceiro e quarto nível, permitindo uma avaliação mais detalhada da condição.