A cirurgia plástica cresce em nosso país em grande escala e em 2013 ultrapassou os EUA em numero de cirurgias realizadas. Cosmética ou reconstrutiva, para uns uma escolha de estilo de vida enquanto para outros uma necessidade.
A cirurgia cosmética traz benefícios de saúde para aqueles que se sentem insatisfeitos ou incomodados com sua aparência natural, ou com sua funcionalidade após um trauma. Insatisfação em grau mais acentuado pode contribuir para a depressão ou baixa auto-estima, impactando negativamente a qualidade de vida da pessoa.
Antes de considerar uma cirurgia plástica, todo paciente deve entender que os procedimentos têm os riscos gerais de toda cirurgia e que os efeitos pós-operatórios como sangramento, edema (inchaço) e hematomas poderão demorar semanas e até meses para diminuir e que estes poderão causar dor e complicações decorrentes.
Sabemos que o paciente tende a recuperar mais rápido quanto menos dor sentir durante seu processo de recuperação, portanto, o bom controle da dor é um fator importante em uma cirurgia plástica bem-sucedida.
Além disso, quanto menor a dor, menor a possibilidade de desenvolver uma dor crônica depois.
Ressalto aqui que no tratamento de dor pós-cirurgia plástica, a experiência individual de dor pode ser influenciado por vários fatores, incluindo:
– Tipo de procedimento (após uma correção de pálpebra o paciente provavelmente sentirá menos dor do que após uma mamoplastia ou abdominoplastia)
– Experiências anteriores de dor
– Tipo de anestesia utilizada
– Gênero (pacientes do sexo masculino tendem a ter um limiar de dor mais baixo que do feminino)
– Idade (adultos podem sentir menos dor que pacientes jovens)¹
Controle da Dor – abordagem multimodal
A estratégia de tratamento da dor deve seguir uma abordagem multimodal que inclui uma combinação de vários analgésicos com diferentes mecanismos de analgesia. Isto pode aumentar a efetividade individual de um analgésico e, quando associado aos opióides, podem reduzir a dose destes e seus efeitos colaterais.
Analgesia disponível – dispomos de analgésicos comuns (paracetamol, dipirona), anti-inflamatórios não-hormonais (AINHs), opióides, drogas coadjuvantes (bloqueadores NMDA e agonistas alfa-2) e técnicas regionais de analgesia.
Opióides – a princípio, imediatamente após a cirurgia, seu médico prescreve um opioide conforme o grau de sua dor, sendo mais comuns codeína e tramadol. Outros mais fortes podem ser utilizados. Os efeitos colaterais importantes são náuseas e vômitos.
Analgésicos comuns – com a diminuição da intensidade da dor, assim que possível os opióides são retirados mantendo os analgésicos do primeiro degrau de tratamento da dor. O objetivo é conseguir o alívio efetivo e continuo da dor. Geralmente utiliza-se dipirona, tylenol.
Analgesia peridural – mediante bomba infusora contínua ou controlada pelo paciente, que aplica um anestésico local direto no sítio da cirurgia. Este tipo de analgesia vem sendo utilizado na redução da dor durante e logo após a operação.
O anestésico bloqueia a dor, possivelmente inibindo a resposta inflamatória dos tecidos atingidos. Eficaz na analgesia pós-operatória, reduz o uso de narcóticos, e diminui náusea e vômitos. Bupivacaina é o anestésico mais usada nas bombas, pois em combinação com adrenalina, sua meia-vida é estendida para 5 h to 7 h.
Técnica analgésica regional – bloqueios peridurais e bloqueios regionais periféricos variados utilizando uma combinação de anestésico local e ou opióide e ou coadjuvante (ex. bupivacaina e fentanil). Produzem analgesia superior comparados com os opióides.²
O uso de anti-ansiolíticos também contribui para a redução de espasmos musculares.
Portanto, se você tem uma cirurgia plástica nos planos, converse com seu médico, saiba mais sobre suas opções para controle da dor para assegurar uma boa recuperação – de preferência com o mínimo de dor e desconforto.
Abraços e boa semana!
FONTES:
¹ http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2851453/
² http://www.saerj.org.br/download/livro%202005/11_2005.pdf