Dor nos pés: razão para evitar o salto alto

Nem sempre subir no salto tem vantagem

Dores no joelho e nos pododáctilos (dedos dos pés) são comuns no período seguinte às folias carnavalescas, principalmente entre as mulheres que optaram pelo salto alto. Dores, inchaço, tensão, rigidez matinal e até luxações estão entre as sequelas. Pisar descalço no chão chega a ser um martírio mesmo entre os foliões mais tarimbados ou melhor preparados fisicamente.

foto do pe no salto alto

Observe na figura como o salto alto força a pessoa a ficar numa posição com os pés apontados para baixo com peso do corpo todo no peito do pé e nos pontos de apoio das pontas dos pés (dedão e dedinho).

Isto muda o eixo de equilíbrio e, para manter-se em pé, o corpo precisa projetar para frente para distribuir o peso. Imagine o estresse e tensão dos ossos do pé ao ficar nesta posição por muito tempo, e ainda fazendo movimentos repetitivos como numa dança ou coreografia.

Nesta parte do pé (ponta e peito) os ossos metatarsos articulam com os ossos sesamóides (pequenos ossos do tamanho de uma ervilha) e as falanges do pé.

ossos sesamoides

A sobrecarga desses ossos do pé pode causar inflamação, distorção dos ossos e danos aos tecidos moles e nervos circundantes.

nervos e musculos do pe

Se lembram da sesamoidite da Xuxa? A causa provável dessa inflamação foi o uso prolongado das botas de salto alto e bico fino – sua marca registrada – para dançar e pular durante os shows.

O uso do salto alto também aumenta o risco de luxações (principalmente as laterais, quando pisa do lado de fora do pé, esticando demais os ligamentos) e microfraturas.

Em termos da biomecânica, o encurtamento dos músculos e tendões da panturrilha para manter os pés no sapato alto termina por sobrecarregar as articulações do pé e altera a mecânica do corpo.

Anatomia Joelho em Descanso e ContraídoConsequentemente, os joelhos de uma pessoa num salto alto estarão sujeitos a uma carga maior que uma pessoa descalça. Além disso, por solicitar mais os quadríceps da coxa, a carga no tendão abaixo da patela aumenta, o que pode levar a dores crônicas neste tendão. salto alto obriga a mudanca do eixo de equilibrio

Além dessas dores, esta posição do pé pode desencadear dor lombar em pessoas com predisposição para tal. Como os quadris e joelhos ficam levemente fletidos, os músculos da região lombar tentam compensar trabalhando mais, e com isso, a curvatura inferior da coluna aumenta, que pode levar a dor e lesões.

Todas estas mudanças acabam afetando a marcha.

Se a dor persistir após o uso do salto alto por tempo prolongado, mesmo depois de tratar com o tradicional gelo, alongamentos, massagens, palmilhas, botas ortopédicas, analgésicos e anti-inflamatórios orais, está na hora de procurar tratamento médico.

E se ainda não houver resposta ao tratamento convencional e fisioterapia, poderá ser a hora de iniciar tratamentos intervencionistas minimamente invasivos, tais como injeção de corticoides próximo aos tendões e bursas.

Se não tratada, pode-se desenvolver tendinite de Aquiles (inflamação do tendão que liga os músculos da batata da perna ao calcanhar), esporões no calcâneo, fascite plantar, inflamações, dor no joelho ou até de coluna, osteoartrite e uma série de outras patologias.

Como se pode ver, o uso do salto alto tem um preço. Especialistas sugerem a utilização de um salto mais grosso de 2 a 3 cm, que distribui o peso mais uniformemente e que ajuda a manter o pé estável, que definitivamente não é o caso dos calçados de salto alto e fino e de bico fino. E, não tendo jeito mesmo de escapar do salto, usar somente quando não vai precisar ficar em pé por muitas horas. Cuidar da saúde dos pés também é importante.

Tenham todos uma ótima semana e até a próxima!!

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