Tenho o prazer de publicar hoje no blog um post sobre o tratamento da dor no Herpes Zoster, escrito pela Dra. Karina Rodrigues Romanini Subi. Anestesiologista de formação, foi nossa primeira fellow de intervencionismo de dor do Singular e primeira mulher do Brasil a conseguir a certificação do FIPP. No Singular, continua abrilhantando nossas reuniões da clínica, participando da formação dos novos fellows e realizando atendimentos.
Quanto mais rápido tratar a dor, melhor…
O tratamento da dor nos casos de herpes zoster tem por objetivo diminuir a severidade e a duração do desconforto na fase aguda e prevenir a neuralgia pós-herpética (NPH), geralmente definida como dor relacionada ao zoster que persiste após 1 mês do aparecimento das vesículas.
A incidência pode variar de 10% a mais de 50%, sendo que os principais fatores de risco são idade avançada do paciente e a intensidade da dor na fase aguda do zoster.
A qualidade de vida é em grande parte afetada, não só diretamente pela dor, mas também indiretamente, por fadiga e diminuição da mobilidade e isolamento social.
O objetivo do tratamento da dor deve ser deixar o paciente assintomático, sem dor alguma, desde a fase aguda da doença. Quanto mais crônicos os casos, mais difícil o controle dos sintomas.
Mesmo dores leves podem se tornar permanentes caso deixem de ser tratadas, ainda que apenas por algum tempo. Portanto, a abordagem da dor deve ser começada logo no início da queixa.
Para tratamento farmacológico, os antidepressivos tricíclicos e anticonvulsivantes são a primeira escolha (Amitripitilina, Nortripitilina, Gabapentina e Pregabalina).
O uso de opióides também pode ser benéfico, podendo-se optar por opióides fracos (Tramadol) ou fortes (Oxycodona, Metadona).
As doses devem ser tituladas conforme a tolerância do paciente, iniciando com doses baixas e aumentando gradualmente em alguns dias conforme permitirem os efeitos colaterais.
A polifarmacologia é mais indicada, uma vez que os efeitos sinérgicos possibilitam uso de doses menores e consequentemente menos efeitos colaterais, quando comparado à monoterapia. Lidocaína e capsaicina tópica também podem ser indicados.
O tratamento intervencionista deve ser uma alternativa considerada, principalmente nos pacientes com mais de 50 anos, devido à alta incidência de neuralgia pós-herpética, os procedimentos já devem ser indicados após uma semana de tratamento conservador mal sucedido.
Bloqueios peridurais e simpáticos são a primeira linha. Bloqueios seletivos de raiz, bloqueios intratecal, radiofrequência e eletroestimuladores são outras possibilidades no arsenal intervencionista.
Atualmente, o aperfeiçoamento das técnicas guiadas por imagem tornam essas opções seguras e atrativas tanto nos casos agudos de zoster, quanto no tratamento da NPH.
Com isso, a avaliação do especialista em dor com experiência em procedimentos intervencionistas deve ser precoce, ao contrário do que ocorre na prática, visando melhores resultados no tratamento.
Referências:
1.van Wijc A. J. M., Wallace M., Mekhail N., van KleefM.Herpes Zoster and Post-Herpetic Neuralgia. PainPractice, Volume 11, Issue 1, 2011 88–97\
2.Mohamed Y. M., Yasser M. A., andYoussef E.B.. EffectofEarlyStellateGanglionBlockadefor Facial PainfromAcute Herpes Zoster andIncidenceofPostherpeticNeuralgia.PainPhysician: November/December2012; 15:467-474
Preparamos um vídeo com conteúdo sobre o tema para tirar todas as dúvidas, confira: