Dor Neuropática no Câncer

Dor Neuropática no Câncer

Na natureza, toda ação cursa com reação. Esta lei da física é ilustrada nos quadros de dores neuropáticas induzidas por terapias anti-neoplásicas. Tratamentos do câncer podem resultar em dores e, na atualidade, estamos presenciando um aumento nas queixas de dores neuropáticas em contrapartida ao aumento da taxa de sobrevida dos pacientes com câncer.

Temos evidência recente disso pelos achados de um estudo britânico que relata neuropatia periférica induzida por quimioterapia em até 90% dos pacientes, sendo esta uma dor de grande intensidade (Fallon et al, 2013)¹.

Por isso, embora a resultante melhora na taxa de sobrevida seja encorajadora, precisamos também ficar atentos à qualidade de vida desses pacientes, haja vista que essa altíssima prevalência de dor neuropática impacta negativamente no cotidiano da pessoa.

Em outro estudo, desta vez multicêntrico, realizado em oito países europeus, constatou-se que pacientes em tratamento oncológico e que cursaram com dores neuropáticas sofriam mais e precisavam de muito mais medicamentos do que aqueles que sofriam somente com dor nociceptiva².

Dor Neuropática no Câncer e o Mês da Mulher

Neste Mês da Mulher, quando nossos olhares estão voltados para o câncer de mama, revisito o tema da dor neuropática no câncer — uma dor frequentemente subtratada.

O que é dor neuropática no câncer?

Pela definição da Associação Internacional para os Estudos da Dor (IASP), a dor neuropática é conceituada como “dor que surge como uma consequência direta de uma doença ou lesão que afete o sistema somatosensorial”, este constituído por órgãos do sentido somático geral que estão espalhados por todo o corpo, sendo suas modalidades perceptórias: tato, propriocepção, dor e sensação térmica.

Origem da dor neuropática no câncer

A dor neuropática pode ter relação com a doença ou com o tratamento.

Dor neuropática causada pela doença

Dores neuropáticas podem resultar da infiltração tumoral de plexos nervosos e danos ao tecido neural. Essas dores podem ser classificadas como agudas, sendo exemplos:

  • Metástase óssea e consequente fratura vertebral causando uma compressão da medula espinhal;
  • Obstrução visceral devido à invasão tumoral.

Com a remoção desses estímulos em fase precoce, as consequências desaparecem.

Dor neuropática causada pelo tratamento

Já em relação às dores neuropáticas crônicas, torna-se mais difícil a identificação de uma única origem. Seu surgimento e progressão são lentos, acompanhados de lesão tecidual e persistência após a remoção do estímulo. Alguns exemplos incluem:

  • Uso de medicações quimioterápicas;
  • Lesões nervosas pós-intervenção cirúrgica;
  • Lesões nervosas pós-radioterapia.

Dores Mistas: A associação entre dor somática e neuropática

O mais comum em pacientes oncológicos são as dores associadas, denominadas dores mistas, que combinam características de dor somática e neuropática.

Por isso, é essencial um acompanhamento médico especializado para identificar e tratar corretamente esses diferentes tipos de dor, garantindo melhor qualidade de vida aos pacientes.

Referências

¹ Fallon, MT. Neuropathic Pain in Cancer. British Journal of Anaesthesia 111 (1): 105–11 (2013) [Link]

² Rayment, C. Dor neuropática do câncer: prevalência, gravidade, analgésicos e impacto do estudo European Palliative Care Research Collaborative-Computerized Symptom Assessment. Em inglês.

³ Efeito dos exercícios na neuropatia – Blog de Oncofitness

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