CEFALEIA EM SALVAS – UMA DAS PIORES DORES DE CABEÇA

Entre os mais de 200 tipos de dores de cabeça (nome médico, cefaleia) classificados pela Sociedade Internacional da Cefaleia (SIC), a cefaleia em salvas está entre aquelas que causam as crises de dor mais intensas. De acordo com relatos de pacientes, doí tanto que eles têm “vontade de bater a cabeça na parede”.

Categorizada como uma cefaleia primária e neurovascular, as crises costumam vir de forma cíclica. Elas vêm em salvas ou “clusters” (nome no inglês), desde uma vez a cada dois dias até oito vezes por dia. A dor pode parar e voltar somente depois de algum tempo –dentro de meses e às vezes até um ano depois, mas volta.

A salva costuma começar subitamente durante a noite, chegando até a acordar do sono, e pode ocorrer várias vezes ao dia. Dura desde 15 minutos até 3 horas, podendo a crise variar na severidade e duração. Sua característica principal é a dor em um olho só, que fica avermelhado e lacrimejante, assim como a região em torno dele.

sinais de cefaleia em salvas
Crédito: https://www.researchgate.net/Cranial-autonomic-signs-during-a-cluster-headache-attack

Sintomas e Sinais

  • Dor unilateral, no olho e no entorno do olho: pálpebra, acima do olho e/ou na têmpora.
  • Agitação e inquietação
  • Sinais autonômicos associados: lacrimejamento, olho vermelho, coriza, congestão nasal, às vezes pálpebra inchada ou caída (ptose), entre outros

infografico prevalencia cefaleia em salvas

Quem mais sofre são os homens, em uma proporção de três homens para cada mulher. A patologia costuma ter início entre os 20 a 40 anos.  Possíveis gatilhos são vasodilatadores, como o álcool e histamina e também, a falta de oxigênio (altitude ou apneia do sono). 

Episódicas e Crônicas

Nas crises episódicas, as salvas podem demorar até um ano para aparecerem, separadas por períodos em que a pessoa não sente nenhum sintoma durante um mês ou mais (remissão). Nas cefaleias em salvas crônicas, as crises acontecem sem remissão durante mais de um ano ou com períodos de remissão menores que um mês.

A cefaleia em salvas pode ter remissão ou prolongamento da fase de remissão, mas não tem cura e quem sofre dela terá de aprender a conviver com ela. Os tratamentos são baseados no controle da dor, de preferência antes que a crise se instale, e o desenvolvimento de estratégias preventivas, tanto para a dor episódica quanto para a crônica.

1a linha de tratamento – É farmacológico e se mostra bastante eficaz. Mas, o paciente também deverá adotar um estilo de vida que inclui os exercícios físicos, para melhor oxigenação e gerenciamento do estresse e ansiedade, que podem ser gatilhos para a dor aparecer.

Você já faz o controle com medicamentos orais e continua a sentir dor?

2a linha de tratamento – Nesta, tem indicação para os bloqueios intervencionistas do gânglio esfenopalatino. Este gânglio é um aglomerado de fibras nervosas responsáveis pela sensação de dor da região afetada. Como é feito?

Bloqueio do gânglio esfenopalatino

Para fazer o bloqueio, procede-se de dois modos:

  1. Colocar um swab (cotonete) nasal com lidocaína 5%.
  2. Guiado por escopia, colocar uma agulha na fossa esfenopalatina e anestesiar com anestésico local.

Os procedimentos levam em torno de 30 minutos e o/a paciente não precisa de internação.

Causa da cefaleia em salvas

A SIC ainda considera a CS uma dor idiopática –isto é, de causa desconhecida, mas, a coloca na categoria Cefalgia Autonômica do Trigêmeo [link para a classificação].

O que sabemos é que ela tem relação com o ritmo circadiano ou circanual, e. portanto, está relacionado com alguma disfunção do hipotálamo, visto que é esta glândula que regula o relógio biológico que controla esses ritmos no nosso corpo.

Para concluir, gostaria de dizer que vale uma investigação rigorosa se sofre da cefaleia em salvas, pois, com um diagnóstico, é possível iniciar o tratamento o quanto antes ou descobrir se sua dor vem de outras causas.

Tenham uma ótima semana e que a outra crise…a da gasolina se resolva em breve!

Abraços!

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[nt_toggle title=”Referências” state=”open|closed”]

  1. Headache Classification Subcommittee of the International Headache Society. The International Classification of Headache Disorders: 3rd ed. Cephalalgia 2013; 33(9) 629–808
  2. Van Kleef M., Lataster A., Narouze S., Mekhail N., Geurts JW., Van Zundert J.. Pain Practice, 2009; 9 (6):435-442.
  3. Campbell JL. Facial pain due to migraine and cluster headache. Semin Neurol. 1988;8(4):324-331.

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