CAMPANHA UM SUCESSO, MAS NEM TUDO TÃO ROSA MOSTRA RELATÓRIO

Relatório da OMS prevê aumento nos casos de câncer de mama – combate contínuo necessário

Desde a corrida de 5 km que marcou a primeira campanha do Outubro Rosa em 1997, vem crescendo a onda de conscientização sobre a prevenção do câncer de mama e a cor rosa virou um símbolo popular do combate à doença. Quanto mais cedo descobrir, mais rápido pode iniciar o tratamento e melhor o prognóstico de vencer a doença.

O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendam que a mamografia seja realizada na faixa etária de 50 a 69 anos a cada dois anos, mas isto não quer dizer que ela não pode ser feita por mulheres fora dessa faixa etária. Lembramos que a ultrassonografia e a termografia também podem ajudar na detecção.

Mas, apesar dos avanços no tratamento e ganhos em sobrevida, não se pode tomar uma atitude de comodismo, de que tudo esteja resolvido. Explico o porquê. De acordo com dados da OMS, a organização internacional que acompanha os dados de saúde nos países, o câncer continua crescendo nas diversas regiões geográficas –e continuará a crescer, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos.

Seu relatório Globocan sobre a situação atual do câncer no mundo, divulgado em 12/09/2018, aponta vários fatores como causas, entre eles, o crescimento populacional, o envelhecimento e em alguns tipos de câncer, o desenvolvimento social e econômico. Este último foi observado principalmente em economias em crescimento, onde antes alguns tipos de câncer eram associados com a pobreza e infecções, hoje são relacionados com estilos de vida, mais típicos dos países industrializados.
Brasil

Mapa com incidencia de cancer de mama nas Americas do Sul e Central e Caribe

No Brasil, o câncer de mama é o tipo de neoplasia mais frequente entre as mulheres e segundo as estimativas, em 2018, haverá 59.700 novos casos diagnosticados entre as mulheres com 18 anos ou mais. (fonte: Instituto Nacional do Câncer – INCA).

Dor no Câncer
Esses dados são importantes pois, com o aumento do número de casos, também haverá aumento de um sintoma que invariavelmente acompanhará o câncer: a dor.

As causas podem ser diversas. Pode ser o próprio tumor pressionando nervos que transmitem a dor, danos aos nervos como sequelas de uma cirurgia de remoção de tumor ou as radio- e/ou quimioterapias que interrompem a multiplicação (proliferação) das células cancerosas, mas que também danificam células saudáveis no processo, inclusive dos nervos periféricos.

Se a paciente já estiver no Estágio IV da doença –o metastático, quando as células cancerosas vão para outras partes do corpo, longe do tumor, a dor pode se tornar insuportável e necessitar de intervenções mais avançadas para aliviar a dor.
Mesmo depois de ficar livre da doença, a paciente pode desenvolver a dor crônica.

“…mas então, quem vai tratar minha dor?”

Em centros maiores, onde há serviços de assistência ao paciente de câncer, a equipe multidisciplinar costuma contar com um médico de dor e enfermeira de dor na equipe. Em hospitais maiores pode até ter um serviço de dor; mas, em outros locais, a realidade pode não ser esta o próprio especialista em câncer (oncologista) prescreve a analgesia. Outro cenário é quando o paciente (cansado de sofrer) e/ou as suas famílias (cansados de ver seu ente querido sofrer), procuram os especialistas em dor por conta própria, seja na sua cidade ou em centros maiores.

Escada de dor dos tratamentos

A escada de dor recomendada pela Organização Mundial da Saúde.

ilustração da escada analgésica (alívio da dor) modificadaComo podem ver, os tratamentos de dor disponíveis não se limitam aos orais. Procedimentos intervencionistas e dispositivos também podem ser opção no alívio de dor por períodos maiores e podem ser indicados caso a caso, não necessariamente tendo de esperar chegar a um alto grau de dor.

Como se faz o manejo da dor

Junto com a paciente, o médico de dor faz um planejamento de como será o manejo da dor, com quais medicamentos, quais terapias (inclusive se precisar, de terapias complementares). Ou seja, assim como a paciente e o/a nutricionista discutem uma dieta adequada para a doença, o médico de dor conversa sobre o regime de analgesia para a dor. Se e/ou quando a dor agravar, ele/ela pode realizar procedimentos de dor mais avançados.

Se a pessoa for informada e orientada, poderá se afastar crenças como: “Tenho de ser forte e aguentar a dor”, “tenho medo de viciar se tomar opioide de forma contínua”, “morfina é só para quem está morrendo”, e conseguir um bom alívio da dor para poder enfrentar a doença com menos dor e mais confiança na sua recuperação.

Tratamentos intervencionistas para a dor no câncer

Bloqueio de nervo – alivia dor e inflamação
Bloqueio periférico, peridural, intratecal – alívio por curto prazo
Ablação do nervo – destrói o nervo com uso do calor (radiofrequência), do frio (crioterapia), ou de agentes químicos (como fenol e álcool). Esta técnica pode ser usada em nervos espinhais ou periféricos.
Estimulação medular – bloqueia transmissão de impulsos de dor para o cérebro. Um eletrodo é colocado no espaço epidural e conectado a um gerador que fica sob a pele do abdômen ou das nádegas. Trata dor segmentar – 4 a 5 dermátomos.
Bomba de morfina/intratecal – inserida sob a pele perto da medula para a administração de medicamentos; um cateter é inserido no canal medular, a outra extremidade ligada à bomba intratecal, programada para liberar a morfina em doses programadas pelo médico. Este método diminui grandemente a quantidade de opioide usado em comparação com os opioides orais. Opioides usados: morfina, dilaudid e fentanil.

Dor Neuropática – que pode ocorrer por causa da doença ou como resultado dos tratamentos para combatê-la, é tratada com combos:
-Antidepressivos e analgésicos (Evite o uso se tiver: apneia do sono)
-Antiepilépticos e analgésicos.

Não podemos desanimar diante os desafios. Está aumentando o número de casos? Vamos tentar combater com as mudanças no estilo de vida, a adoção de uma alimentação mais rica em vegetais, frutas e fibras, a prática de esportes, a manutenção de um peso corporal saudável e a diminuição do tabagismo.

Continuamos na luta.

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