Bloqueios Anestésicos Combatem Dor nas Articulações Facetárias

Dor Facetária

As articulações facetárias são pequenas articulações na coluna que ligam as vértebras. Localizadas na parte posterior dela, auxiliam os discos intervertebrais no suporte da coluna e proporcionam flexibilidade à coluna vertebral. Quando lesionados ou inflamados, são suscetíveis à osteoartrite e causam dor.

Articulacoes Facetarias da Coluna Vertebral

Embora estas articulações sejam sujeitas a traumas, é muito mais provável que sofram danos por degeneração devido ao envelhecimento. Todas as regiões da coluna, sejam cervical, torácica ou lombar podem apresentar dores facetárias.

Uma das causas ocorre quando os discos intervertebrais perdem o fluído que têm no seu interior. Estes discos hidratados funcionam como uma espécie de almofada. Quando desidratam, há perda de altura e pressão adicional às articulações facetárias. O resultado pode ser osteoartrite, ou a formação de osteófitos ou outras calcificações, e inflamação, que por sua vez, pressionam os nervos que suprem as estruturas. O tratamento da dor facetária depende do grau de severidade da condição.

Coluna Vertebral mostrando Facetas

Primeiro, é indicado o tratamento conservador que visa controlar o edema (inchaço) que é responsável pela dor. Nos estágios iniciais é comum a utilização de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) como paracetamol ou ibuprofeno, ou medicamentos mais fortes que seu médico pode lhe receitar.

Sempre que falo de anti-inflamatórios, me sinto na obrigação de alertar que o uso contínuo prolongado destes podem causar problemas gastrointestinais, como, por exemplo, úlceras de estômago. Seu médico poderá receitar, junto com os AINEs, medicamentos para proteger o trato gastrointestinal, ou fazer sugestões de cuidados nos hábitos alimentares e nutrição.

A fisioterapia pode ser uma boa opção terapêutica no início do tratamento, logo que a inflamação e sensibilidade passar. No passado, era comum sugerir o repouso ao paciente, mas, hoje, sabe-se que exercícios leves podem ser benéficos.

Outras terapias podem incluir a osteopatia, hidroterapia, quiropraxia, ou alguma outra que inclui a manipulação ou assistência de um fisioterapeuta.

Não surtindo efeito nenhuma destas terapias, no outro degrau de tratamento está o tratamento intervencionista, ou seja, o bloqueio facetário, que é nosso tema hoje. Consiste da injeção de anestésico local e anti-inflamatório, guiado por fluoroscopia, na própria articulação.

A infiltração proporciona o alívio da dor por interromper os sinais de dor enviados para o cérebro e ajuda a reduzir a inflamação existente na articulação facetária.

Veja uma ilustração de como é feita a infiltração:

Tratamento intervencionista de dor com bloqueio facetario

 

Radiografia de Bloqueio FacetarioAlguns pacientes com apenas um bloqueio já conseguem retomar suas atividades normais, enquanto outros podem precisar repetir o procedimento após vários meses para continuar a ter o alívio da dor. Pelos estudos na medicina e na genética, sabemos que a resposta a um tratamento se dá de maneira individual – o que funciona para um pode não funcionar para outro no mesmo grau de intensidade ou da mesma maneira.

Finalmente, em casos onde a dor persiste a despeito de todas as terapias propostas, uma outra solução pode ser a denervação facetária.

Neste procedimento, os nervos responsáveis por emitir os sinais da dor, enviado das articulações facetárias para o cérebro, são cuidadosamente identificados utilizando a fluoroscopia e depois anestesiados e lesionados com calor utilizando a radiofrequência convencional.

Este lesionamento do nervo, como é chamado, irá efetivamente inibir a emissão dos sinais de dor até que os nervos regenerem, sendo assim, o alívio da dor pode estender por vários meses.

Tenham todos um ótimo fim de semana!!

P.S. Aqui em Miami, o workshop organizado pela SOBRAMID (Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor), com apoio do Singular – Centro de Controle da Dor e World Institute of Pain, está superando as expectativas: 32 médicos intervencionistas de dor, dos quais 28 são brasileiros em uma troca rica de conhecimento e experiência para levar aos seus pacientes.

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