Até mesmo uma ameaça em potencial pode gerar dor física

Frequentemente, por conta do trabalho, viajo de ônibus de Campinas, SP, a Divinópolis, MG, e uma semana antes do carnaval, fazia o percurso usual quando nós passageiros tivemos uma tremenda surpresa — um assalto. O terrível anúncio foi feito de madrugada, às 02:54, e o ataque perdurou pelos mais longos 12 minutos da minha vida (uma eternidade!), sem violência física, mas recheado de agressões verbais.

E a relação desse episódio com a DOR?

Segundo a IASP (Associação Internacional para o Estudo da Dor),  “a dor é  uma experiência sensitiva e emocional desagradável presente em uma lesão real ou potencial”.  Ou seja, o caso do assalto citado acima é um exemplo de lesão potencial, da ameaça de agressão.

Todos nós que estávamos presentes naquele veículo vivemos uma experiência profundamente dolorosa naquele dia. Fico aqui imaginando a dor do motorista que, por um tempo maior que todos nós, ficou sob pressão e na mira do assaltante . Alguns superarão rapidamente esse fato, outros demorarão muito tempo (ou nunca!) para recuperar deste trauma.

A tortura verbal causa dor e muitas vezes é maior que a causada por uma lesão física. Por isso, temos de prestar atenção especial às palavras que proferimos porque, ao saírem de nossas bocas, podem causar lesões irreversíveis e dor em quem as ouve.

O assunto da dor gerada pela violência e medo veio à tona esta semana na Veja São Paulo (29/02/2012), que teve como matéria de capa a reportagem “Retratos do Medo”, na qual aborda a insegurança nas cidades, assaltos a residências e ameaça aos moradores. A violência gera medo, dor, sofrimento. O simples fato de lembrar do acontecido nos causa uma sensação desprazerosa, uma forte dor na alma.

E eu? Depois desse susto?…Não quero mais saber de ônibus por muuuiiitoo tempo!

Digníssimo prefeito, seu médico de dor, lhe pede uma gentileza: no centenário de Divinópolis, presenteie-nos com uma linha aérea regular! Preferencialmente com vôos para Campinas!!!

Agora, para mim, nada de viajar de cometas na escuridão da madrugada, eu só quero atravessar os céus de Azul!

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