Hoje falaremos desta técnica intervencionista de tratamento da dor usada nas dores crônicas da coluna (dor que persiste por tempo superior a 3 meses), que não respondem a tratamentos conservadores, e que tenham como motivos principais, a fibrose pós laminectomia ( pós cirurgia de coluna), hérnias de disco e estenose de coluna ( estreitamento do canal por onde passa a medula).
Quando utilizado em fibrose pós laminectomia, seu objetivo é desintegrar o tecido cicatricial que fica colado à raiz nervosa, o que impede sua movimentação de forma livre.
Esta técnica também é conhecida como neurólise peridural, neuroplastia epidural, neuroplastia de Racz ou lise de aderências. “Lise” quer dizer desintegração (vem da palavra grega “lusis” que significa soltar) de uma aderência, ou seja, tecido colado ou unido. No caso da neurólise, desintegra ou desfaz aderências que estão afetando algum nervo.
Em se tratando de uma estenose de canal, as raízes nervosas costumam estar inchadas (edemaciadas), o que aumenta a dor. O objetivo aqui é aplicar medicações junto a essa área e prover a redução do edema, deixando essas raízes com diâmetro mais adequado à estenose existente.
A Técnica: Lise de Aderências
Dra. Andrea Trescot, MD, FIPP, professora e médica intervencionista da dor, explica sobre o embasamento da técnica, “Quando se realiza uma injeção epidural de corticóide na região lombar, medicamentos são injetados e simplesmente fluem para o local de menor resistência.”
Quando há fibrose peridural, essa fibrose impede a chegada de medicação à zona causadora da dor. Este mapeamento da fibrose pode ser feito por um epidurograma (injetar contraste no espaço peridural e observar falha de enchimento, que coincide com a área da fibrose).
Feito o diagnóstico, avançaremos um cateter pelo espaço peridural através de uma punção na pele (sem cortes), até o sítio-alvo, e injetar fluídos e medicamentos para “amolecer” e “descolar” as aderências. Às vezes, não é tão simples conseguir esse objetivo. Podemos utilizar diferentes vias para conseguir esse objetivo (vias caudal, transforaminal e interlaminar).
Pode ser necessário repetir o procedimento de duas a três vezes para o paciente ter o máximo alívio, no entanto, alguns pacientes têm redução da dor com apenas uma injeção.
Esta é a técnica de Racz, ou neurólise caudal de Racz, assim chamada em honra do inventor do cateter e da técnica, Dr. Gabor Racz, anestesiologista e médico intervencionista dos mais reconhecidos na área de tratamento da dor hoje.
Enfim, mais uma arma no arsenal do médico intervencionista que você fica conhecendo.
Abraços a todos e até breve!
P.S. Andamos um pouco ocupados esta semana, pois, como postei algum tempo atrás, sexta-feira dia 4 de outubro estamos realizando o IV Simpósio de Medicina Intervencionista da Dor Singular 2012 e no dia 5, sob a minha batuta, o Curso Básico em Ultrassonografia no Diagnóstico e Tratamento da Dor, ambos em Campinas, e com convidados internacionais do mais alto gabarito. Deseje-nos sucesso!