
Em minha prática na Medicina da Dor, constantemente encontro pacientes que descrevem suas sensações de uma forma que transcende o que consideramos “dor comum”. Eles falam de choques elétricos, queimação implacável ou aquela dor extrema provocada pelo simples toque do lençol – a chamada alodinia.
Esses relatos são a assinatura da dor neuropática, uma condição onde o nosso sistema nervoso, em vez de funcionar como um mensageiro fiel, começa a emitir sinais distorcidos. Não se trata de uma simples inflamação; é uma alteração na forma como o nervo transmite a informação. Seja causada pela neuropatia diabética, compressões pós-cirúrgicas ou a persistência da dor após o Herpes-Zóster, o resultado é o mesmo: um sofrimento crônico e refratário.
Foco na Causa, Não Apenas no Sintoma
Reconheço que os fármacos têm seu papel estratégico no início do tratamento, ajudando a estabilizar a hiperexcitabilidade nervosa com medicações específicas. No entanto, minha filosofia de tratamento sempre prioriza soluções que atuem diretamente na origem do problema, com o máximo de precisão e o mínimo de invasão.
É neste ponto que os procedimentos minimamente invasivos se tornam a espinha dorsal do alívio duradouro:
- Bloqueios Nervosos Guiados: Usamos a tecnologia de imagem (ultrassom ou fluoroscopia) para injetar substâncias com precisão milimétrica e interromper o ciclo da dor.
- Radiofrequência: Esta é uma ferramenta poderosa. Aplicamos ondas eletromagnéticas que modulam ou cauterizam o nervo específico que está gerando a dor, oferecendo um alívio prolongado sem a necessidade de cirurgia aberta.
- Neuromodulação: Em casos complexos, podemos recorrer a implantes que corrigem o sinal neural internamente.
Restauração da Vida e da Função
O objetivo principal não é apenas diminuir a intensidade da dor, mas restaurar sua qualidade de vida e funcionalidade. A dor neuropática requer um diagnóstico apurado e um plano de ação que combine a precisão dos procedimentos intervencionistas com a força da abordagem multidisciplinar (fisioterapia, psicologia).
Se você se identifica com essa dor que choca e queima, é hora de procurar um especialista intervencionista em dor. Estamos aqui para usar a tecnologia e a ciência a seu favor, transformando o sinal distorcido em silêncio e devolvendo a você o controle sobre sua vida.


