3 Comportamentos a Serem Enfrentados na Lombalgia Crônica

No último post, falamos do comportamento do ansioso perante a dor: evitamento, ausência de projeto, foco na dor, e outros. Pessoas com dor crônica costumam apresentar estes comportamentos, um bom exemplo sendo a dor lombar (lombalgia) crônica. A pessoa acometida começa a ter medo da dor que ela poderá sentir realizando algumas atividades e tenta evitá-las a qualquer custo. Em consequência disso, há uma redução progressiva das atividades e o risco crescente de atrofia muscular. De certa maneira, isto poderá explicar o desenvolvimento de uma dor crônica a partir de uma dor aguda e temporária, pois, à medida que a dor perpetua, a ansiedade se torna mais saliente e a pessoa começa a centrar sua atenção nos sinais da dor. Rumina (tem pensamentos repetitivos) sobre suas dores e sua incapacidade de sair da roda viva. ” Minha dor persiste…é sinal que é sério e que vou acabar paralítico.” A dor fica intrusa, onipresente; leva à desorientação mental e dificuldades de concentração. O equilíbrio da vida da pessoa começa a ficar abalado. Hipervigilância

Hipervigilancia - cerebro em alerta
O cérebro fica constantemente na alerta.

A ansiedade causa/provoca o desenvolvimento da hipervigilância: o paciente fica na alerta para possíveis sinais de dor com atenção redobrada à espera da dor. As consequências da hipervigilância são: exagero na percepção dos limiares de dor (começa a perceber mais prematuramente e em um limiar mais baixo (dor mais fraca)), aumento do impacto da dor no comportamento. A hipervigilância é uma palavra que fala por si: quanto maior o medo, mais a dor é percebida como importante e maior é o medo de que uma dor posterior fique forte e fora de controle. A hipervigilância favorece a passagem da lombalgia aguda (dor forte em um episódio isolado de alguns dias) para a lombalgia crônica (dor contínua durante meses ou anos). Evitação A evitação consiste em renunciar a qualquer ação/papel que se espere resultar em dor ou que se tenha medo de gerar dor. Este fenômeno, considerado normal, é exagerado no caso da ansiedade associada com lombalgia. Gradualmente o paciente renuncia a um grande número de atividades do seu cotidiano, inclusive atividades fundamentais como trabalhar, ter vida afetiva, fazer atividade física, ou locomover-se. Além disso, antes de realizar qualquer movimento, o paciente primeiro calcula se ” Vai doer? ” A pessoa vai perdendo sua espontaneidade e capacidade para mudança. Finalmente, procura se apoiar em objetos e procura atividades repetitivas, as quais já comprovou não doerem tanto. Ausência de projeto A ansiedade, associada à lombalgia faz com que a pessoa se abstenha de pensar sobre projetos futuros. Cada movimento é encarado como risco de agravamento da dor, e aumenta a ansiedade. O futuro então é percebido como potencial agravador da dor. O paciente ansioso tende a ficar introspectivo e a querer ficar afastado das outras pessoas. A dor faz com que reduza suas atividades, inclusive as que antes amava. Sua auto-confiança diminui e, com isto, começa a perder a confiança no mundo. Surge um distanciamento dos familiares e amigos porque a pessoa mergulha em um universo inacessível bastante diferente do que estava a viver antes do início da dor, e a ansiedade deixa o paciente sem conseguir criar saídas para sua dor, ou até de imaginar que possa exercer algum controle sobre ela no futuro. Mas, dada a explicação sobre os comportamentos, é sempre importante buscar opções e soluções para enfrentá-la. Aqui vão dois exercícios de relaxamento que poderão ser úteis em diminuir a ansiedade de quem sofre de lombalgia crônica, lembrando que a diminuição da ansiedade é um dos caminhos no manejo da dor. 1° exercício: perceba o contato do próprio corpo na superfície em que está apoiado, seja a cadeira se estiver sentado, ou a cama ou chão se deitado. Nesta posição relaxada, tome consciência da parte do corpo que está em contato com a superfície, sinta onde está apoiado e onde não tem apoio. Comece pelos pés e lentamente vá subindo até a testa. Passe para a coluna, sinta as curvas nela, em especial as duas lordoses, lombar e cervical. 2° exercício: o relaxamento após a tensão. Este exercício é útil para vencer a resistência, pois, as pessoas que estão constantemente tensas não conseguem relaxar facilmente ao simples comando de “relaxe”, “relaxe”. De fato, corre o risco da pessoa ficar mais nervosa ainda porque não consegue relaxar! Este exercício consiste da contração e relaxamento um por um dos principais grupos musculares: é mais fácil sentir os músculos relaxarem após a contração. Por isso, é uma técnica válida para eliminar o estresse dos músculos, adquirir passividade mental e entrar num estado de calma. Boa semana!!!

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